Agostinho de Hipona

As biografias dos jogadores - vigésima sétima biografia

Capítulo 110

A partida de futebol mundial entre os filósofos

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

 

As biografias dos filósofos

 

A biografia de Agostinho de Hipona

 

Agostinho de Hipona com as suas intrigas palacianas fez com que Hipona, uma grande cidade fortificada, fosse destruída pelos vândalos.

Agostinho de Hipona nasce aos 13 de novembro de 354 d.c. em Tagaste (Souk Ahras). Morrerá aos 28 de agosto de 430.

A vida de Agostinho de Hipona é extraída da própria autobiografia de Agostinho de Hipona, que está por debaixo do nome de "Confissões". Não se trata de uma biografia, mas de um verdadeiro e preciso manual para difundir o ódio social em relação às pessoas mais frágeis, isto é, indivíduos que em vez de prostrarem-se de joelhos diante do seu deus, comportam-se como pessoas.

Agostinho de Hipona escreve a propósito da sua infância:

"Quem me recordará trazendo à mente o pecado da minha infância, porque ninguém está puramente livre do pecado diante de ti, nem mesmo o neonato que sobre a terra teve somente um dia de vida? Quem me fará recordar deste pecado? Talvez qualquer menino bem pequenino, de modo que eu o vejo e não chego a recordar de mim? Qual era, portanto, o meu pecado de então? Talvez o de procurar avidamente, chorando, os mamilos? De fato, se eu fizesse isso agora, procurando avidamente não os mamilos, mas os alimentos adequados aos meus anos, seria zombado e reprovado legitimamente. Eu fazia, pois, coisas reprováveis, mas uma vez que não podia compreender a reprovação, evitava-se racionalmente de reprovar-me."

Extraído de Agostinho de Hipona, As Confissões, ed. Piemme, 1993, p. 33 - 34

Não se trata de um elemento autobiográfico, mas de uma verdadeira e exata conduta, com a qual ele criminaliza a infância, transformando em crimes os desejos em decorrência do crescimento de um menino, desejos que Agostinho denomina "pecados".

Para Agostinho de Hipona, o recém-nascido que procura os mamilos maternos é um criminoso, porque contraria a moral imposta pelo seu deus.

O ambiente familiar em que Agostinho crescia era um ambiente familiar fundado sobre a violência, com o constrangimento, humilhação constante e sistemática. Uma violência que Agostinho interioriza e a reproduz daquela forma, a sua reprodução é mórbida, doentia; uma reprodução que, executada por alguém com ações violentas em relação ao mais fraco, demonstrará chacota do violentado, afirmando que é para o seu bem, para educá-lo, para encaminhá-lo a uma via correta. A violência comanda no ambiente familiar, aonde Agostinho vive, é um ambiente de brutalidade física e psicológica, de tal forma severa que Agostinho psicologicamente adquire a ideia de que, somente tornando-se o maior violentador, conseguirá estruturar o seu lugar na vida.

A mãe de Agostinho, Mônica, é uma pessoa dominadora e violenta. A violência, da sua mãe, é a própria bestialidade a qual recorrem as mulheres que se tornam servas e escravas para conseguirem sobreviver num ambiente hostil.

De sua mãe Mônica, Agostinho escreve:

"Até mesmo a sogra que no princípio implicava com ela, por causa das fofocas malígnas das servas, conseguiu conquistar o respeito, com a paciência constante e com doçura, ao ponto de a sogra denunciar ao filho acerca das más-línguas que perturbavam a paz entre ela e a nora, o que exigia uma punição. O filho, obedecendo a sua mãe e sentindo-se responsável pela disciplina e pela salvaguarda da paz doméstica, entre os seus membros, castigou as servas com o chicote, como quis a mãe. E esta prometeu o mesmo castigo a qualquer uma outra que tivesse falado mal da sua nora para se assegurar dos seus favorecimentos. Ninguém ousou mais fazê-lo e as duas mulheres viveram entre elas num acordo afetuoso e inesquecível."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, ed. Pimme, 1993, p.206

O episódio nos mostra como Mônica era uma déspota astuta, capaz de manipular a sogra e o marido para conseguir o resultado do seu interesse. Esta manipulação contínua das pessoas encontraremos também em Agostinho, e ele exaltará a manipulação criminosa, das pessoas, como sendo uma vontade benévola do seu Deus.

A presença da mãe, na vida de Agostinho, é uma presença integral, obsessiva e violenta. Agostinho quase não menciona o seu pai, e as poucas vezes que o faz, parece que o considera "o mal" em contraposição à sua mãe, considerando-a "o bem".

Ao mesmo tempo, Agostinho sente a necessidade de roubar das pessoas o "ser no mundo" para atribuí-lo ao seu Deus. Uma vez que o atribui ao seu Deus, reivindica os méritos do seu Deus contra o "ser no mundo" das pessoas e de todos os indivíduos. Com esse seu modo de proceder, as pessoas são reduzidas ao nível de escravas. Escravos que não são os mesmos escravos da Roma pré-cristã, mas é uma nova escravidão introduzida pelo cristianismo, em que o escravo carece de sentimento, de percepção e, assim, é reduzido a um simples objeto de obediência. Como fazem com as mulheres.

Agostinho escreve:

"Ignoro-o, mas os confortos das tuas misericórdias me ampararam, conforme me foi dito pelos genitores da minha carne, do uno os obtiveras, enquanto sob outra perspectiva me deras uma forma no tempo; eu não suplicara. Me ampararam, pois, os confortos do leite humano, mas já não eram as mamas da minha mãe ou das minhas nutrizes a saciar-me, mas certamente foras tu, que por intermédio delas, alimentavas a minha infância, conforme o critério com o qual tens distribuído as tuas riquezas."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p.29

Não são as mulheres que lhe dão o leite que ele bebe, mas é Deus que dá o leite a Agostinho, por intermédio das mulheres. As mulheres são instrumentos da ação de Deus que favorece Agostinho.

Com que se caracteriza a primeira infância de Agostinho?

Agostinho de Hipona escreve:

"Deus, Deus meu, quantos enganos sofrera então, quando garoto me era indicada como norma de vida íntegra a obediência a quem desejava tornar-me próspero no mundo e eminente nas artes da alcovitice, fornecedoras de honras e riquezas falsas entre os homens! Fui confiado à escola para aprender as letras, das quais, pobrezinho, ignorava as vantagens; além disso, me eram confusas quando eu era indolente para estudar. Era um sistema sugerido pelos grandes [nota minha: bíblia provérbios!], e muitos garotos antes de nós, levando aquela vida, tinham descerrado os caminhos penosos por onde éramos obrigados a passar, multiplicando a fadiga e o sofrimento dos filhos de Adão

[...]

Assim, garoto, comecei a suplicar-te, meu socorro e refúgio. Soltava, para invocar-te, a dicção da minha língua, te suplicava, pequenino, mas com um afeto pequeno, que tu me poupasse dos golpes do professor; e se não me escutaste, não foi certamente, por minha causa, para um fim insensato, os adultos e até mesmo os meus genitores, que não desejaram que nenhum mal me atingisse, riam dos golpes que eu recebia e que constituíam, então, para mim um sofrimento enorme e grave."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, p.36

Pelo que Agostinho revela, a sua infância é marcada pela violência. Uma violência que sofre constantemente, de forma sistemática, em consequência de querer brincar e vagabundear enquanto o estudo lhe causa sofrimento e desgosto. Em decorrência desta situação, Agostinho reza e pede a Deus para que permita que ele viva do seu modo, sem sofrer as pancadas do professor e do seus genitores. Para Agostinho, Deus é o pai que providencia para que ele não tome pancadas. É o pai que substitui o seu pai biológico o qual tenta prepará-lo para um futuro de adulto, é o motivo pelo qual Agostinho vive no sofrimento.

Nesse meio cristão, Agostinho interiorizou a malícia e a maldade da sua mãe. Uma maldade que ele difundirá de um modo diferente, aos poucos, à medida que irá crescendo, tornando-se cada vez mais violento. Uma violência que levará a destruição à Hipona.

Agostinho nos conta sobre a sua infância:

"Ao ver deles, nada era mais monstruoso do que eu, se uniram ao desgosto até mesmo aquelas pessoas que eram portadoras de mentiras inumeráveis, que eram usadas para enganar o pedagogo e os mestres, bem como os genitores, só que o meu amor aos folguedos era muito grande, a minha paixão pelos espetáculos frívolos, a minha obsessão para imitar os atores. Cometi até alguns furtos da copa e da mesa dos meus genitores, alguns alimentos às vezes empurrados pela garganta abaixo e em outras ocasiões para obter qualquer coisa para distribuir aos outros garotos que vendiam as suas brincadeiras, se bem que neles eu encontrava um prazer equivalente ao meu. Na reinação em si mesma, era dominado por um desejo vão de ser superior, com frequência e arbitrariamente eu surrupiava a vitória por meio da fraude. Além disso, nada suportava, era tão recalcitrante, em nada repreendia os outros de modo áspero, os surpreendia, pelo modo como me comportava com eles; enquanto, se era eu a ficar surpreso e a reprovar, preferia ser cruel ao invés de ceder. E esta seria a inocência dos garotos? Não senhor, não o é, diz-me tu, Deus meu!"

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p.50

Agostinho de Hipona é um garoto violento com os outros rapazes, e esta sua agressividade será a característica de toda a sua existência. Na idade adulta, a brutalidade será transferida à filosofia. O vândalo em filosofia é aquele que, ao invés de enfrentar as ideias da filosofia, agride as pessoas. A filosofia de Agostinho de Hipona é uma ação contínua de rudeza em relação aos seus adversários. Uma filosofia que tem como base a difamação, o escárnio, o falso, o engano e a má-fé direcionada para se assegurar de uma vantagem cultural que, reiteradamente, tenta justificar tanto o homicídio como o genocídio.Uma barbaridade que tem a origem na sua mãe, pois esta transmite ao filho a violência, como uma arte para se praticar a crueldade contra as pessoas mais fracas. Esta propagação impulsiva da bestialidade induzirá Agostinho a se identificar como o mais forte (precisamente a identifica-se com o Deus cristão) para legitimar a sua violência sobre os mais débeis.

Os seus estudos eram superficiais. Conhecia o latim, muito pouco o grego, mas conseguiu, provavelmente com a ajuda da sua mãe, enganar seu pai.

Por quê Agostinho de Hipona despreza o seu pai?

Ele mesmo responde:

"Quem, então, não fazia elogios elevados a um homem, meu pai, que para manter os estudos do seu filho numa cidade afastada, gastava mais do que o patrimônio familiar lhe permitia? Muitos cidadãos bastante mais ricos do que ele não enfrentavam, em afeição aos seus filhos, um sacrifício semelhante. Além disso, esse pai não se preocupava em conhecer, nesse meio-tempo, o quanto crescia diante dos teus olhos ou como era casto, contanto que fosse elegante ao falar, ou ao contrário, desprovido da tua ciência. Ó Deus, único e verdadeiro chefe do teu raio de ação, o meu coração."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 58

O desprezo pelo seu pai surge pelo fato de que o pai instiga-o para estudar e está disposto a endividar-se apenas para Agostinho estudar em cidades grandes, ainda que sejam distantes, também para garantir um futuro ao seu filho. A mãe de Agostinho, ao contrário, doma-o, torna-o "ávido para subjugar e agir de modo desonesto contra as pessoas."

Deste modo, Agostinho cresce, violento e sem cultura. E, por sem cultura, não significa "analfabeto", se depreende que desviou todo o seu estudo para tornar legítima, ideologicamente, a violência da prevaricação, isto é, da devassidão que levava a efeito.

O seu pai contraiu dívidas para poder enviar Agostinho a Cartago para que ele pudesse estudar, e ele reembolsava o pai frequentando festas, embriagando-se, frequentando bordéis. Tudo pela licenciosidade e menos para se dedicar aos estudos, dissipando o dinheiro do seu pai.

Em 372, Agostinho está em Cartago para estudar retórica e transferir aos seus estudos o espírito de valentão, estudos que se tornarão um meio para ele satisfazer o seu desejo de prevaricação violenta.

Agostinho escreve em As Confissões:

"Também os estudos nobres, como eram denominados, desembocavam no foro litigioso, isto é, visavam tornar-me excelente desde que, ainda mais louvado, e assim mais ainda se é 'frondatori' [Nota: linguagem figurada: aquele que corta os ramos das árvores]. A cegueira dos homens é tão grande, que até mesmo da própria cegueira se vangloriam. Eu já era o primeiro na escola de retórica e experimentava uma alegria altiva, me envaidecia, se bem que fosse muito mais tranquilo, Senhor, tu o sabes, e permaneci completamente estranho às desordens provocadas pelos "perturbadores da ordem", epíteto sinistro e diabólico que também equivale à frase de boa educação, entre os quais eu vivia."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 77

É a passagem que demonstra a prepotência física, desprovida de meios adequados com os quais exercê-la, indica a violência física que é exercida e justificada por intermédio da retórica.

Agostinho começa a entender o ensinamento de sua mãe Mônica: "Se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer, se ele tem sede, dá-lhe de beber, assim amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Mas, sobretudo, está atento para que ele não tenha mais fome e nem sede para que impeças os teus inimigos de amontoarem brasas de fogo sobre a tua cabeça!"

Agostinho nos conta:

"Naqueles anos, eu ensinava retórica: dominado assim pela minha paixão, vendia conversa fiada aptas a vencer interesses. Todavia eu preferia, Senhor, tu sabes, ter bons alunos no verdadeiro sentido da palavra, e a eles sem engano eu ensinava enganos úteis, não para perder um inocente, mas para salvar às vezes um réu."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 98

Em síntese, a doutrinação que Mônica havia imposto ao seu filho, consequentemente, se difundia na sua retórica que lhe concedia o poder de prevaricação sem que tivesse de sujar as mãos. O agir de modo desonesto, um agir elevado à sua ideologia que era a base da sua retórica, tornava-se o meio com o qual Agostinho se exteriorizava perante o mundo.

Esse é um comportamento por meio do qual Agostinho difunde, na prática sexual, onde a outra parte, a mulher, se tornar puro objeto de uso.

Agostinho escreve:

"Ainda, naqueles anos, eu tinha uma mulher que, não a possuía devido às núpcias, como se costuma dizer, legítimamente, mas encontrada inesperadamente em consequência da minha volubilidade e da minha paixão ilógica; uma só, seja como for, e além disso era fiel a ela como um marido. Experimentara, apesar disso, uma diferença efetivamente notável nessa união, entre a estabilidade de um pacto conjugal firmado tendo em vista a procriação, e o acordo de um amor libidinoso, em que a prole também nasce, porém contra o desejo dos genitores, se bem que há a imposição de amar a prole após o nascimento."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 98

Neste ponto devemos notar, a propósito, que se formou o caráter de Agostinho de Hipona, formou-se o seu fundamento ideológico e nada lhe resta senão expô-lo ao mundo. Efetivamente, Agostinho inicia um nomadismo religioso com uma busca obsessiva pelo poder. Um poder que não se manifesta "naquilo que se possui", mas no reconhecimento da sua performance de um representante do absoluto, sobre a terra. Seja qual for o nome com o qual esse absoluto venha a ser chamado, isso não importa para Agostinho, contanto que ele seja reconhecido como o porta-voz desse absoluto.

Em 373, Agostinho de Hipona torna-se maniqueu. Também, entre os maniqueus, Agostinho de Hipona não está interessado em discutir a ideia dos maniqueus, mas usa o maniqueísmo para uma promoção pessoal na sociedade. De fato, ele convence os seus amigos Alípio e Romaniano a se converter ao maniqueísmo, bem como aqueles que, em Tagaste, financiaram os seus estudos por serem amigos do seu pai. Agostinho de Hipona permanece maniqueu de 373 a 382. Não conseguiu obter progresso permanecendo sempre no grau mais baixo da hierarquia, e isto não apenas o induz a sair da associação religiosa maniqueísta, mas inclusive a agir usando de uma grande difamação.

Mas, em que consiste o maniqueísmo?

Ao que diz respeito à ideologia maniqueísta sirvo-me da "História da filosofia oculta" de Alexandrian, edição de Mondadori, de 1984.

"O primeiro movimento ideológico herdado do Gnosticismo, o maniqueísmo, foi-lhe contemporâneo e sobreviveu por longa data; existiam ainda numerosas igrejas maniqueístas no século XI, no Turquestão oriental e, no século seguinte, os Cátaros aderiram aos ensinamentos, quase que integralmente, de forma a adaptá-lo conforme as estruturas mentais do Ocidente medieval. Mani, nascido na Babilônia por volta do ano 216, iniciou em 242 a sua exposição pública em Ctesifonte, na Mesopotâmia; foi crucificado por volta do ano de 275 em Gundèshàhpuhr, na Pérsia sul-ocidental sob o reinado do rei sassânida Bahràm I, por instigação dos magos presas, receosos pelo sucesso alcançado pela sua religião. O maniqueísmo, então, mantém um prestígio tal e uma vasta difusão que até Santo Agostinho o aderiu durante nove anos (de 373 a382) antes de converter-se ao cristianismo. Por muito tempo os estudiosos hesitaram em vincular Mani com a Gnosi, mas mas hoje todos concordam com Eugène de Faye em decorrência do fato de <<as origens gnósticas do maniqueísmo são certas e incontestáveis>>, enquanto continua à espera de se estabelecer << de qual tendência específica gnóstica teve derivação>>. Mani estava decidido também, guiado por uma vontade profunda, a atingir a síntese que havia caracterizado a Gnose: quando sentiu o seu <<chamado divino>> no ano de 241 (quando o Espírito vivo lhe aparece para lhe revelar a <<doutrina dos três tempos>>, (que explicava o início, a evolução e o fim do mundo), sendo que ele se considerou o sucessor de Zoroastro, de Buda e de Jesus, o único capaz de conciliar e harmonizar os diversos dogmas. Enquanto todos os gnósticos admitiam três princípios: o Deus estrangeiro, o Demiurgo criador do mundo e o Cosmocrator que reinava sobre os démones, Mani reconhecia apenas dois: a Luz e as Trevas, anteriores à existência do céu e da terra. O Pai da Grandeza reside na Região da Luz, que se difunde por cinco habitações que correspondem à sua inteligência, razão, pensamento, reflexão, vontade. O rei das Trevas reside na sua terra tenebrosa, nos seus cinco mundos, o mundo da fumaça, o mundo do fogo, o mundo do vento, o mundo das águas, o mundo das trevas.>> Os dois reinos teriam uma fronteira única que os separaria e eles difundir-se-iam sem limites, em todas as outras direções. O rei das Trevas subiu para atacar a Região da Luz, desejando ardentemente o seu esplendor; O Pai da Grandeza combateu-o com a ajuda do homem primordial, que assume os cinco elementos positivos, mas foi engolido pelas trevas. Para salvá-lo, e para rechaçar o ataque e a invasão, o Pai da Grandeza evocou uma força nova: o Espírito vivo, do qual os cinco filhos tem os nomes de o Ornamento do Esplendor, o Rei da Honra, Adamas-Luz, o Rei da Glória e o Portador. Estes criaram o universo para que viesse constituir uma fortaleza que separasse a Região da Luz do reino das Trevas, porém para construí-la utilizaram como material os corpos dos inimigos capturados; o céu e a terra foram portanto formados pela carne dos démones acorrentados, os astros foram as partículas luminosas que eles tinham engolido e que foram obrigados a vomitar. O Mensageiro, que mora no sol com doze virgens, que representam doze virtudes (a Sabedoria, a Pureza, a Paciência, etc.), teve a incumbência de regular os movimentos cósmicos. Quando o homem primordial foi finalmente dilacerado pelas trevas, deixou uma parte da sua luz que os démones capturaram para doá-la a Ashaqloun, filho do rei das Trevas que, unindo-se com a esposa Namrael, gerou Adão e Eva nos quais encerrou toda a luz que possuía. A raça humana nasceu, portanto, do príncipe das Trevas, que desejava detê-la como prisioneira sobre a terra, a substância fulgurante perdida pelo Homem primordial. Fala-se, com frequência, do maniqueísmo como um sistema que distingue drásticamente os bons dos maus: mas se trata de uma interpretação falsa. O mundo inteiro, no maniqueísmo, é mau: homens, animais, plantas, os locais foram criados com a matéria tenebrosa seja do próprio Ashaqloun, seja dos seus arcontes. A única esperança de salvação consiste em escutar o <<chamamento>> do Mensageiro da Luz. Não existem bons, existem somente os <<destinados> ou eleitos que adquirem o conhecimento da tragédia da condição humana, e que estão em condições de repelir, de dentro de si, as trevas, graças a uma conduta rigorosamente ascética, que implica na abstinência da carne e do vinho, na renúncia da propriedade pessoal, na rejeição do matrimônio. Os Maniqueus tinham duas classes de iniciados: os Eleitos, que se impunham provas rígidas e levavam uma vida monacal <<que que indubitavelmente exerceu uma influência profunda na vida monacal dos cristãos>>, segundo Hans Jonasi, e os Ouvintes ou Soldados, que podiam se casar e possuir bens materiais, mas deviam respeitar algumas proibições (não matar nenhum animal, não jurar falso, etc.) e observar um jejum de cinquenta dias em cada ano. Um Ouvinte tornava-se nobre consagrando-se a um Eleito, que não concedia a si mesmo nem mesmo o direito de partir o seu próprio pão. Os missionários do maniqueísmo, entre eles algumas mulheres, se aventuravam nos lugares mais remotos para difundir e ensinar a sua religião; e é esta uma outra diferença em relação ao gnosticismo, que se propunha unicamente a criar um círculo restrito de iniciados e não buscava, com efeito, fazer proselitismo nem de tornar pública a sua própria doutrina."

Extraído de: Alexandrian, "História da filosofia oculta", Mondadori, 1984, p. 88 - 90

Esta é uma versão da ideologia religiosa maniqueísta à qual Agostinho de Hipona aderiu. À vista disso, é racional supor que ele a conhecia muito bem e que, após nove anos de frequência e de proselitismo do maniqueísmo, ele já estivesse em condições de refutar os princípios religiosos. Mas, Agostinho de Hipona não o fez. Nas suas "As confissões" verificamos um amontoado de afirmações que não se encaixam nas questões da ideologia maniqueísta, mas são afirmações disfarçadas como se fossem justificações tais como as da raposa que não consegue apanhar as uvas, isto é, a hierarquia social do maniqueísmo, e afirma que "As uvas estão azedas".

Agostinho escreve sobre o maniqueísmo:

"Ó Verdade, Verdade, desde então das fibras íntimas do meu coração eu suspirava em tua direção, enquanto aquela gente me atordoava com frequência e de vários modos, apenas com o som do teu nome, e a quantidade da multidão tediosa. Nas bandejas que se apresentavam perante a minha fome por ti, em vez de ti apresentavam-se o sol e a lua, criaturas tuas, e belas, mas apenas sempre criaturas tuas, não a ti próprio, ao contrário nem mesmo as tuas primeiras criaturas espirituais, sendo estas corpóreas, se bem que luminosas e celestes. Mas eu nem mesmo das tuas primeiras criaturas, em vez delas é de ti, única criatura, de ti, Verdade não sujeita à transformação nem à sombra de mudança, eu tinha fome e sede."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 81

É a técnica da agressão forjada nos evangelhos cristãos e atribuída a Jesus. Agostinho de Hipona não debate com os maniqueus, ele agride as pessoas maniqueístas. Exatamente como Jesus nos evangelhos, que não debate com os fariseus, mas os criminaliza. Assim, ele agride as pessoas porque não está capacitado de provocar uma crítica ao pensamento religioso das pessoas. No que tange aos maniqueístas, como ao que se refere aos fariseus, são "mentiras". Mas quais são as mentiras? Jesus, assim como Agostinho, evitam mencioná-las, evitam entrar no mérito porque o escopo de Agostinho, como o objetivo de Jesus, é o de difamar. Agostinho não diz, por exemplo, que os maniqueístas acreditavam que o mundo havia sido criado pelo "mal" e, por isso, eles sustentavam que era devido a isso que havia o mal no mundo. Agostinho, diante deste conceito, não opõe um outro conceito diverso como, seria, por exemplo, que o mundo teria sido criado pelo seu Deus que ele identifica com o "bem supremo". De modo que, deveria ter entrado na discussão sobre a presença do "mal" no mundo criado pelo "bem supremo". Por este motivo, Agostinho não pode entrar em discussão com os maniqueístas, consegue meramente difamá-los e, a difamação, é um nome que define a violência cometida contra as pessoas.

Quando Agostinho fala do "dogmatismo maniqueísta*, ofendendo os maniqueus, nas "As Confissões", ele diz:

"Muitas são, portanto, as noções exatas extraídas da mesma criação e que eu as apreendi. Eles ofereciam-me a prova racional, os cálculos, a sucessão das estações, as provas visíveis dos astros, e eu as comparava com os pareceres de Mani que, a propósito, escreveu muito e delirando copiosissimamente; e não me oferecia a prova racional, nem dos solstícios e dos equinócios, nem das eclipses celestes, nem dos outros fenômenos análogos que eu havia apreendido dos textos da sabedoria profana; todavia me eram impostos de modo a fazer-me acreditar nos fenômenos, embora eu discordava das explicações que conforme os cálculos numéricos e de acordo com o que os meus olhos constatavam, divergiam amplamente."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 129

Agostinho faz afirmações injuriosas. O fato de Agostinho preferir uma "verdade" da realidade astronômica do seu tempo, ao invés de uma outra, significa que era ele quem a elegia, no entanto não significa que fosse a realidade verdadeira. Basta, nesse caso, pensarmos no episódio de Galileu. Agostinho não refutava Mani, mas afirmava que Mani delirava. À vista disso, é absolutamente lógico pensar que Agostinho de Hipona é quem delirava. Na realidade, qual a prova racional que, aliás jamais transmitiu, para demonstrar a realidade do Deus que ele afirma existir? Quando se difama pessoas, jogando com a fé, o difamador transforma o seu delírio numa verdade.

Nesse meio-tempo, Agostinho de Hipona continuava sofrendo as pressões violentas da sua mãe, diante da qual não era capaz de cortar o cordão umbilical.

Em 383 ele sobe em embarcação em direção à Itália, fugindo da sua mãe. E, então, vai à Roma. Eis que, em Roma, continua frequentando os círculos dos maniqueístas. Aconteceu também que ficou doente em Roma e, depois de se recuperar, abre uma escola de retórica.

E o que foi que disse Agostinho na ocasião em que ficou enfermo em Roma?

Agostinho escreve:

Todavia, também em Roma eu mantive contato com aqueles mentirosos e ascetas enganadores: isto é, não somente com os auditores, entre os quais estavam incluídos inclusive quem me acolheu pela doença e durante a convalescença, porém com os eleitos, como são chamados."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 141

Em Roma, enquanto estava doente, Agostinho não teve a assistência dos católicos, mas recebeu a assistência dos maniqueístas. Sucede que, entre os maniqueístas, ele não teve capacidade para conseguir um percurso profissional. Não se torna um eleito, eis o motivo que humilhou o seu delírio de onipotência.

Se fossemos nós a julgar, com os conhecimentos atuais, as afirmações de Agostinho de Hipona contra os maniqueístas em relação às "escrituras sagradas", temos de convir que, pelo que Agostinho expõe nas "As Confissões", eram os maniqueístas que tinham razão total.

Agostinho escreve:

"Havia, por exemplo, um certo Elpido, que se rebela numa discussão pública precisamente em oposição aos maniqueístas, ele que também em Cartago já me havia impressionado com os seus discursos, uma vez que citava certas passagens das escrituras que dificilmente eram contestadas. As respostas dos adversários pareciam-me fracas; além disto, eles preferiam mantê-las em segredo, em vez de expô-las publicamente. Eles sustentavam que os escritos do Novo Testamento haviam sido falsificados, quem sabe ademais, com o propósito de enxertar a lei dos judeus na fé cristã, sem apresentar por parte deles algum exemplar íntegro do texto."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 145

Ora essa, não há dúvida alguma de que os evangelhos estão construídos por meio de operações de natureza política efetivadas no I° século e, levando em consideração que Jesus jamais existiu, tudo corresponde a falsificações dos manuscritos, feitas uma de cada vez por quem desejava obter benefício afirmando a existência de Jesus, conforme uma visão fantástica tencionada pelo falsificador. Sucede que a falsificação é organizada. Todos os textos que se referiam ao novo testamento, que estavam à disposição de Agostinho, eram os falsos, isto é, falsificados para proveito do falsificador. O que era e é a fé cristã não é esclarecida a não ser como uma divulgação de um desejo subjetivo para obter a onipotência, apenas afirmando e impondo essa fé, por meio da violência disseminada sobre o mundo; agora, qual seria a diferença entre o hebraísmo e o cristianismo é difícil dizer, porque se trata de uma guerra entre "o povo eleito" e a "puta de cristo" , uma contenda em busca da supremacia no mundo, fazendo-se uso de mecanismos ideológicos ao que se refere ao velho e ao novo testamentos.

Nesse meio tempo, Agostinho de Hipona aproximou-se dos céticos ligando-se às concepções de Sexto Empírico. Só que os céticos ao estilo Sexto Empírico contrapõem a interpretação subjetiva em relação a uma realidade, a uma verdade, que não pode ser subjetivamente contemplada integralmente. O cético ao estilo Sexto Empírico reconhece que a realidade é aquela que ele pode descrever, porém do modo como ele percebe e em sendo assim, ele jamais poderá perceber a realidade em si mesma.

Este modo de construção ideológica nega, necessariamente, cada conceito de um Deus criador e patrão do universo, porque tal sujeito não é encontrado subjetivamente. O fato de um Deus criador existir ou não existir, para os céticos é indiferente, enquanto que para Agostinho de Hipona a existência de um Deus criador era demonstrada pela sua própria ideia, isto é, subjetivamente, em decorrência do seu desejo exclusivo de onipotência. Por este motivo, a aproximação de Agostinho de Hipona, em relação ao ceticismo, durou muito pouco.

Em Roma, Agostinho se arrisca a ensinar retórica, mas logo entra em contato com Símaco que, confunde-o deduzindo que ele fosse um maniqueísta, parece que queria usá-lo para frear Ambrogio. Por isso, Agostinho de Hipona parte para Milão, juntamente com a "esposa" e o filho Amodeo, e em Milão se une com a sua mãe onipresente, Mônica.

Em Milão, Mônica inicia as suas tramas com o propósito de obrigar Agostinho a casar. Por conseguinte, Mônica foi ao encalço de uma menina de 12 anos de idade, e ele, como promessa, com a menina se casa. Eis então que, a mulher que conviveu com ele, durante muitos anos, como amante de Agostinho de Hipona, decide retornar para a África e deixa o filho natural que teve com Agostinho de Hipona, o pai natural. Não se exclui a hipótese de Agostinho ter usado da violência doméstica contra a amante. Sucede que, como a menina que deveria se casar era muito jovem, em tal caso Agostinho de Hipona decide passar o tempo desde o noivado até o matrimônio, com uma outra amante.

Agostinho escreve nas "As Confissões":

"Nesse meio-tempo me era solicitado insistentemente a casar-me. Assim foi que, levei avante a solicitação, e a promessa foi feita. Quem mais trabalhava neste sentido era a minha mãe, com a ideia de que, uma vez casado, então a lavagem salutar do batismo teria me purificado."

Extraído de: Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 177 - 178

E, ainda sob o pretexto, Agostinho de Hipona escrve:

"Entretanto, os meus pecados se multiplicavam, e quando me foi arrancada do meu lado, apontada como obstáculo às núpcias, a mulher com a qual eu costumeiramente dormia, o meu coração, ao qual ela estava ligada, foi profundamente dilacerado e sangrou em abundância. Ela partiu para a África, com voto de não conhecer nenhum outro homem, e deixando comigo o filho natural que tivemos. Mas eu, infortunado, incapaz de imitar uma fêmea e de ser paciente durante dois anos de espera para que pudesse ter em casa a esposa já solicitada, menos desejoso das núpcias do que da luxúria, da qual era um servo, obtive uma outra mulher, não certamente como esposa, mas quase como um alimento que prolongasse, intacta ou ainda mais forte a doença da minha alma, ocultada por um hábito que deveria durar até o reinado da esposa."

Extraído de Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 179 - 180

As mulheres de Agostinho de Hipona são para ele apenas objeto, seres subumanos, isentos de um nome, desprovidos de desejos, destituídos de planos. Objetos de uso exatamente como para Paulo de Tarso. E isto explica, pelo menos em parte, a ação de Mônica que possui e violenta a estrutura psíquica do seu filho. Agostinho de Hipona mostra-se como um indivíduo homossexual que usa as mulheres para satisfazer seus apetites sexuais, mas que acaba ligado à relações de amor com Romanino e Alípio..

Agostinho de Hipona escreve:

"Em Roma, quando o encontrei, Alípio ligou-se a mim com a mais íntima amizade e partiu comigo de volta a Milão...."

Extraído de Agostinho de Hipona, As Confissões, Banca Antoniana, 1995, p. 171

Repleto de medo da morte, Agostinho de Hipona se aventura a ler Platão e Plotino. O período de tempo que ele se interessa por Platão e por Plotino é seguramente curto, mas é importante porque Agostinho usará as ideias de Platão e de Plotino para poder ratificar a ideologia cristã. Talvez esta é uma das últimas vezes que Platão e Plotino são usados pelo cristianismo como um suporte ideológico dos evangelhos. Depois, Platão e Plotino desapareceram, pelo menos oficialmente, do horizonte cristão e, então Plotino retornará com Marcilio Ficino.

Em 386, aos 32 anos, Agostinho de Hipona se sobressai "na estrada para Damasco" de Simpliciano, sucessor de Ambrósio, e se dedicou ao catolicismo.

Em 387, Agostinho de Hipona em Milão, com Alípio e i filho Adeodato, é batizado pelo bispo Ambrósio.

Em 388, Agostinho de Hipona volta à Àfrica, primeiramente a Cartago e depois a Tagaste.

Em 391, Agostinho de Hipona é nomeado "sacerdote" pelo bispo Valério e lhe são cedidas as propriedades da igreja católica em Tagaste. Continuou como sacerdote por cinco anos propagando o ódio religioso contra os maniqueístas.

Em 393, aos 8 de outubro, participa de um concílio africano.

Em 395, Agostinho de Hipona é nomeado bispo e inicia a sua ação para a ocupação do clero africano. Possidio, seu amigo e cronista, designa dez amigos e discípulos de Agostinho de Hipona "elevados ao episcopado".

Em 403, Agostinho de Hipona iniciou a guerra contra os Donatistas. Aplicou a ordem de Jesus: "Levem embora os Donatistas, aqueles que não queriam que eu reinasse sobre eles e os degolem em minha presença!"

O que nos narra Karlheinz Deschner dos donatistas na controvérsia com Agostinho de Hipona?

O teólogo Karlheinz Deschner escreve:

"A derrota de Gildo incitou os católicos a se lançarem com ímpeto e violência, por meio de ataque em massa, contra os donatistas, que não podiam contar com a proteção de nenhuma autoridade.
Todavia, uma vez que na África estavam mais os católicos que se tornavam donatistas e não vice-versa, estes continuaram a representar a maioria até os anos noventa do ano 400, sob a direção de uns 400 bispos. Também Hipona e a diocese de Agostinho, no seu complexo, eram na maioria donatistas, este foi o único motivo que induziu o santo a combater num primeiro momento os "hereges" com a palavra, antepor a diplomacia e o debate ao invés da violência. Durante anos acalmou os adversários, tentando, mostrar-se "retórico por profissão" para persuadir os seus chefes por meio da força da palavra. Mas os "filhos dos mártires" não podiam concordar com a Igreja Católica, a "esposa do traidor" (bispo Primiano), que "tinha enriquecido com o sangue e com a carne dos santos" (Ottato, bispo), que sempre tinha se enfileirado ao lado Estado, ao lado dos ricos e dos poderosos. Aquela donatista tinha, ao invés, principalmente o caráter popular e os seus membros estavam convencidos para participarem de um fraternidade "que nascera da eterna luta contra o diabo"; o seu destino neste mundo era o de ser perseguidos, exatamente como todos os justos partindo-se de Abel, tinham sido perseguidos. (Reallexikon fur Antike und Christentum). Nessa sua via crucis, terrena, os donatistas encontraram mantenedores valorosos naqueles que aderiram-na num movimento campestre, aqueles dos Circoncelliones, movimento que já havia sido favorecido por Donato di Bagai e por Gildo. Os circoncelliones, conduzindo uma batalha dura contra os grandes proprietários latifundiários, representaram rapidamente a esquerda da Igreja donatista. Segundo Agostinho, eram particularmente impopulares, os circoncelliones eram ladrões, saqueadores, ateavam fogo às basilicas, arremessavam cal e vinagre aos olhos dos católicos, reclamavam títulos de crédito e pretendiam ter uma expiação para a sua liberdade, a eles era bem aplicado o salmo que recitava "Rápidos são os seus pés para espargir sangue". Com frequência, no comando dos membros do clero, até mesmo de bispos, definidos como "capitães dos santos", estes "agostinianos" ou "miles Christi" (fanáticos pelo martírio, peregrinos da dor, terroristas) com uma faixa nas vestes denominadas "Israeles", espancavam o clero católico e os grandes proprietários de latifúndios. Sem dúvida existia uma relação entre "desordens" imputadas ao circoncelliones e as ideias propugnadas pelos donatistas. Estes tinham, de fato, tomado distância dos católicos que "podiam contar com o sustento da autoridade imperial romana e dos possuidores ricos,,, eram este que garantiam o seu privilégio econômico e proteção material" (Reallexikon fur Antike und Christentum). Com frequência, acontecia que os que eram explorados se suicidavam, para alcançarem rapidamente o paraíso. Perseguidos pelos seus algozes se arremessavam das rochas, como as, por exemplo, de Ain Mlila, ou nos "rios em cheia". Era isto, segundo Agostinho, "o seu comportamento habitual"

Extraído de: Karlheinz Deschner, História criminosa do cristianismo, vol. I, ed. Ariele, 2000, p. 409

Os donatistas não se opunham à igreja católica só por uma questão religiosa, mas também por uma questão de justiça social. De um lado havia os latifundiários católicos ligados aos imperadores cristãos de Roma e, do outro lado, havia os camponeses pobres e os trabalhadores braçais que, como cristãos, não tendo nada a perder, estavam dispostos ao martírio pelo martírio. Os católicos tinham se apropriado das terras, dos meios de produção e haviam transformado os membros da população em escravos submissos, vexados e torturados, em troca do proveito e do lucro pessoal dos próprios católicos. A escravidão era imposta pelos cristãos, eles constrangiam as pessoas por meio da violência das armas destruindo qualquer possibilidade de existência da população inteira. Agostinho de Hipona acreditava que devia impor a escravidão e a submissão como estavam indicadas nas "escrituras sagradas". Mas, a ele próprio ele não impunha a escravidão, tomava a parte melhor (Maria), como ensinava o evangelho, impunha à Marta (a população transformada escrava).

Para Agostinho de Hipona, Deus havia estabelecido que eles deveriam ser pobres e obedecer a autoridade e portanto, se não obedeciam a autoridade, seriam mortos.

A lógica de Agostinho de Hipona era a lógica dos evangelhos. O cristianismo veio para trazer a escravidão do homem sobre o homem, em nome do patrão de todos os patrões chamado "Deus".

Os cristãos escrevem nos seus textos sagrados:

"Vós escravos, obedecei em tudo ao vosso senhor segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas com sinceridade no coração, temendo ao senhor. Tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao senhor e não aos homens, sabendo que recebereis o galardão da herança das próprias mãos de deus. É a Cristo senhor que servis. Mas quem, ao contrário, fizer agravo, receberá o agravo que fizer: pois não há acepção de pessoas".

Paulo de Tarso, carta aos Colossenses 3, 22-25

"Escravos, sujeitem-se com todo o respeito aos seus senhores, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus de caráter intratável. Uma vez que agrada a deus que as aflições sejam suportadas, sofrendo injustamente. De fato, que glória há em suportar açoites recebidos por terem cometido faltas? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isto é louvável diante de deus. Para isto vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo, para que sigam suas pegadas."

I Pedro 2, 18-21

A escravidão, com a força de todo o seu coração e de toda a sua alma é imposta por Agostinho de Hipona que, agora, já como bispo de Hipona, comprova a sua onipotência, pois representa Deus aqui na Terra. Em outras palavras, desobedecer Agostinho, bispo de Hipona, significa desobedecer a Deus e Deus ensina que os homens que não obedecem são massacrados como aconteceu em Sodoma e Gomorra, ou como sucedeu no dilúvio universal.

As responsabilidades advindas do ódio e do genocídio praticado por Agostinho de Hipona são de tal modo grandes que, Karlheinz Deschner , escreve a propósito de Agostinho e os donatistas:

"É necessário desculpar Agostinho, justificando o modo do seu pensamento e da sua ação. Assim, durante dois milênios até este momento, os grandes criminosos da história, têm sido não apenas desculpados mas também exaltados e apresentados de um modo que não corresponde à realidade. Por isso, em nome de Deus e da religião, durante séculos procurou-se justificar, invocando-se a responsabilidade religiosa, foi esquecida qualquer consideração pelo ser humano, foi realizada a caça às bruxas durante todo o decorrer da Idade Média, na idade moderna desde a primeira até a segunda guerra mundial, quando Hanns Lilje, futuro bispo regional e vice-presidente do conselho da Igreja evangélica alemã, num escrito com um título eloquente Der Krieg als geistige Leistung, escreveu: "Não sobre as fivelas nas cinturas dos soldados, mas nos seus corações e nas suas consciências seria necessário gravar Mit Gott! Somente no nome de Deus, de fato, encontra-se a absolvição por tantas vítimas sacrificadas!" Precisamente, é unicamente em nome de Deus que foram cometidos determinados crimes, ou melhor, os maiores crimes da história, como procuraremos demonstrar de maneira convincente, nos volumes que se seguem da nossa obra. Apelando com o Velho e com o Novo Testamentos, Agostinho requisitou, energicamente, à autoridade estatal medidas coercitivas contra todos aqueles que deverima ser "sanados" (corriendi atque sanandi"). A violência - Agostinho ensinava então - era inevitável em alguns casos; se os da nata podiam ser corretos através do amor, para com a turba, infelizmente os métodos violentos eram necessários. A ferida provocada por um golpe forte, aplicado por um amigo, é mais aceitável, na sua opinião, do que o beijo dado pelo inimigo. Era melhor amar com rigor do que enganar com suavidade. Quem realmente amava punia com severidade! Também os genitores constrangem os seus filhos para discipliná-los e torná-los diligentes, exatamente como fazem os professores com os alunos. "Quem não usa o porrete, não ama o seu filho", declarava o bispo de Hipona citando a Bíblia. "Um servo mau não será corrido com palavras". Como se comportou Elias com os sacerdotes de Baal? Já com antecedência Agostinho justificara as violências narradas no Antigo Testamento usando-as em relação aos maniqueístas, que avaliavam esse texto como uma obra do príncipe das trevas. Mas, Agostinho não se descuidou em tirar justificações abundantes também do Novo Testamento. Paulo não tinha, talvez, mandado diversas pessoas ao diabo? Ele declarava, explicando o Evangelho ao bispo Vincenzo: "Acreditas piamente que contra ninguém é legal fazer uso de medidas coercitivas depois de ter lido as palavras do patrão da casa dirigidas aos seus servos: <<Quem executa espontaneamente?>> (na realidade, Agostinho traduz com <<fate in modo> o imperativo "cogite" que exprime uma ideia de coerção). Opor resistência era sinal de irracionalidade. Efetivamente, não se rebelam contra os seus médicos os febris em delírio? A tolerância, conforme Agostinho, era infrutífera e vã ("infructuosa et vana"). Vice-versa, o santo demonstrava entusiasmo quando a conversão de muitos era obtida por meio de um "salutar uso da força" ("terrore perculsi"). Estamos muito próximos às posições de Firmico Materno, que Agostinho quiçá tenha lido, encorajador de "uma guerra em todas as frentes de batalhas" (Hoheisel). O problema da coerência não diminuía nem mesmo à distância do bispo de Hipona. Se precedentemente tinha temido a conversão imposta forçadamente aos "Cristãos fictícios", com o passar do tempo deixou tal preocupação a Deus. Na opinião de Agostinho, o imperador tinha a faculdade de promulgar leis referentes às questões eclesiásticas, naturalmente com o interesse da Igreja. Constranger ao bem era, para o santo, uma coisa justa. Ele procurava unicamente fazer o bem aos seus inimigos; desejava, no fundo, o que eles próprios queriam.Atrás da violência exterior se esconde a vontade interior", apregoava o "orador astuto por profissão", pretendendo chamar os Atos dos Apóstolos 9, 4 a João 6,44 e a Lucas 14,23, portanto, o Evangelho do Amor! E se ao ir avante contra os adversários "às vezes deu a impressão de um certo nervosismo (Thomas), isto, na realidade, era fruto do amor; ele "agira sempre e somente por amor" (Marrou). Não é por acaso que Agostinho volta obsessivamente sobre o tema do amor! "Amor: uma palavra maravilhosa, um ato ainda mais lindo ... não existe assunto melhor para se falar". "Deixa que o amor crie raízes no teu coração, nem será derivado somente do bem!" "O amor é a pérola mais preciosa: sem ele, todas as riquezas que possuis não valem nada." "O amor é a força, é amor e medo; o amor é maravilha e beleza, água é alimento; o amor é ... "também, obviamente, reconduzir os donatistas "ao seio da Igreja": "A Igreja os aperta junto ao seu coração, os rodeia com uma ternura materna com a esperança de os redimir", na realidade submete-os aos trabalhos forçados, às torturas, ao confisco dos bens, nega-lhes do direito de sucessão. Unicamente porque desejo impor-lhes os benefícios da paz, da unidade, do amor, vocês me consideram um inimigo. Declaram que desejam a minha morte, quando, na realidade, eu lhes anuncio a verdade, e quero impedir, de todos os modos, que vocês vão de encontro à perdição. Deus lhes castigará e pelo erro os destruirá ..."Deus punirá todos vocês! E, inclusive, Agostinho não se considerava, efetivamente, um instigador. Ele evitava, às vezes, quando achava oportuno, de divulgar denúncias; solicitava, todavia, quanto aos que se mostravam recalcitrantes, para que fossem punidos pelas leis com extremo rigor, e que ainda não se chegasse a nenhum acordo de "qualquer clemência". Em vez disto, aprovava o recurso à tortura! Já, o santo mais célebre da antiga Igreja e, talvez, da Igreja em sua totalidade, um "homem amável como este", o pai do "amor imenso", "generoso", que contra os donatistas "havia tencionado usar de um método doce", reservando-se para não pronunciar espontaneamente nenhuma palavra ofensiva, que tinha francamente buscado "defender os culpados da dureza das penas previstas no direito vigente nos territórios do império", o homem que, em breve, ambicionava se apresentar como o porta-voz da "mansuetudo catholica", chegou até a tornar legítimo o uso da tortura ... esta não era, afinal de contas, algo de tão terrível! "Pensem em todos os suplícios possíveis", afirma Agostinho num tom consolador. "Confrontem todos os suplícios com as penas do inferno" ... Devemos temer as punições do mesmo modo como tememos a Deus. As torturas infligidas ao homem sobre a terra, representam uma forma de correção ("emendatio"), servem, isto é, a melhorar o homem". O fato de que os católicos pudessem tornar ao bel-prazer, tinha, portanto, pouca importância no momento em que se pensava no inferno e naqueles tormentos que o Deus do amor infligia aos pecadores por toda a eternidade. Afinal, comparando-os, os suplícios terrenos eram "leves", "passageiros", constituíam só um "pouquinho", "uma terapia salutar"! O teólogo não conhece o mal-estar dos suplícios! Nem muito menos conhece a vergonha.

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 415 - 417

O ódio de Agostinho contra os homens é diretamente proporcional ao amor de Agostinho de Hipona por ele mesmo, pois ele se projeta na imagem de Deus.

A despeito de tudo isso, os donatistas continuarão progredindo na África por outro século. Os donatistas encarnam as necessidades dos camponeses pobres, dos trabalhadores braçais, dos escravos, enquanto Agostinho de Hipona encarna as necessidades dos escravistas, dos traficantes de escravos, de um poder constituído que deve funcionar para os seus projetos absolutistas.

Uma outra guerra feroz foi conduzida por Agostinho de Hipona contra Pelágio.

A avidez e o delírio de onipotência de Agostinho de Hipona, elevado a bispo, já não reconheciam nenhum limite nem impedimentos morais.

Agostinho de Hipona desencadeia a guerra contra Pelágio quando este chega à Africa, em 410, para fugir da chegada em Roma dos godos de Alarico. Os Godos foram provocados pelos cristãos de Orósio nas terras de Roma, eles avançavam sob a liderança de Alarico, porque pretendiam o pagamento pelos serviços militares fornecidos aos católicos. Pelágio, que havia conquistado notoriedade e séquito em Roma, chega em Hipona com a família de Melania, esta com o seu marido Piniano e a sua mãe Albina. Em síntese, os membros da mais potente família de Roma. E é sobre eles que Agostinho de Hipona quer colocar as mãos, para assegurar-se dos seus bens e das suas propriedades. O combate contra Pelágio, realizado por Agostinho, é apenas uma superestrutura ideológica acessória e desnecessária, usada pela igreja católica, para poder justificar a atividade do ladrão Agostinho de Hipona.

Karlheinz Deschner escreve:

"Da mesma forma ocorrida no donatismo, assim também na doutrina de Pelágio. não havia algo que Agostinho pudesse criticar. Pelágio havia combatido asperamente os arianos e os maniqueístas, era um personagem muito estimado e influente, que desfrutava de proteção social elevada, exatamente como Agostinho. Portanto, num primeiro momento, o bispo de Hipona enviou-lhe uma carta surpreendente de exortação "bem escrita e na qual referia-se rigorosamente aos fatos", na qual dirigia-se a Pelágio chamando-o de "nosso irmão", "pio" e, sem exagero, mencionava veladamente às relações de amizade. Ainda em 412, na fase inicial da luta na direção do pelagianismo, Agostinho tratava Pelágio com uma certa deferência e em 413 escrevia-lhe cordialmente. O santo evitou, de todos os modos, ofender abertamente o amigo do riquíssimo Pianino, principalmente levando em consideração que foi o próprio Pelágio que levantou a suspeita de que Agostinho, ou ao menos a sua comunidade, tinham em mira o patrimônio de Piniano. Todavia, no momento em que Demetra, uma jovem pertencente a uma das família mais ricas de Roma, a dos Probi, em 414, tornou-se freira, fazendo-se destinatária de tratados e de conselhos de personagens do calibre de Girolamo e de Pelágio, Agostinho decidiu novamente a intervir. Ele fez um convite para encontrar-se frente a Pelágio e, cada vez mais dedicado na "causa da Graça", na elaboração da sua doutrina da predestinação, no intervalo de dez anos e meio, até 427, havia escrito doze escritos polêmicos contra o pelagianismo."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 424

A guerra desencadeada por Agostinho de Hipona tinha somente motivos de avidez e de poder, com os quais pretendia liberar-se dos adversários dentro e fora da igreja católica.

Derrotado por Pelágio em todas as controvérsias de caráter doutrinário, e desde o momento em que no interior da igreja católica os discursos sobre "graça", de Pelágio, tornaram-se o fundamento ideológico, então para Agostinho de Hipona nada restou senão apelar para a corrupção e aceitar a difamação também contra o "papa" católico.

O teólogo Karlheinz Deschner:

"O papa, praticamente solicitava, do episcopado africano, a reintegração de Celestio e de Pelágio. Os bispos da África, todavia, entre o impedimento e a irritação, continuaram impassíveis a tramarem intrigas e a recorrerem à corrupção. Com prejuízo dos pobres, era necessário encontrar dinheiro para pagar certos senhores. No decorrer da disputa, oitenta garanhões da Numídia deixaram suas terras para chegarem, sob o comando de Alípio, amigo e discípulo de Agostinho, à corte de Ravena, que já havia oferecido o seu apoio ao clero africano por ocasião da luta contra os donatistas. O alto funcionário Valério, inimigo jurado dos hereges, assíduo leitor de Agostinho, parente de um grande proprietário de terras em Hipona e mais católico do que o próprio pontífice, mostrou-se particularmente disponível em relação aos generosos bispos africanos. Como havia acontecido há pouco com os donatistas, eles conseguiram, então, obter a repressão dos pelagianos, aos quais lhes foi negada a liberdade de expressão dos quais os bispos foram exilados. Ignorando totalmente a vontade do papa Zósimo, com um rescrito - o mais severo emitido no tempo do tardo império - em 30 de abril de 1418, endereçado ao prefeito do pretório da Itália, Palladio, para que o imperador Honório estabelecesse a expulsão de ambos, Pelágio e Celestio, para fora de Roma, considerando a heresia dos dois 'crimen e sacrillegium', e, tendo-se em conta principalmente a sua difusão em Roma, indicando a desordem da qual a heresia havia sido a causa. Autorizando, além disso, a caça aos pelagianos, ordenando que fossem exilados e tivessem os bens confiscados. Foi suficiente que Ravenna houvesse se manifestado, para que o papa Zósimo passasse, improvisamente, para o outro lado, submetendo-se à vontade do imperador. No início do verão, com um documento contendor em todos os aspectos, numa encíclica fragmentada, denominada Epístola Tractatoria, endereçada a todos os bispos, o pontífice condenava oficialmente Pelágio e Celestio, que até aquele momento ele tinha estimado e protegido, juntamente com todos os seus seguidores. Pouco antes de morrer, Zósimo excomungou também Giuliano di Eclano e outros dezoito bispos que se recusaram a subscrever a sua Epístola Tractatoria. De conseguinte, "todos os bispos tinham empunhado a espada de Pedro para dar um fim brusco ao chefe dos ímpios", declarava exultante o monge Prospero de Marsiglia, fanático infatigável da doutrina da Graça de Agostinho e que, exatamente como Agostinho, "tinha deturpado a especulação pelagiana, ao ponto de torná-la ininteligível" (Wermelinger). Junto de Zósimo, também o presbítero Sisto, futuro pontífice, depois de ter apoiado durante muito tempo a causa dos hereges, apressou-se para mudar de frontaria e, sem que o pontífice viesse a tomar conhecimento que ainda pesavam sobre ele suspeitas, resolveu colaborar com Agostinho, que se empenhava na caça ao pelagianos. Em outubro de 418, o santo tinha obtido do imperador Costanzo, a promulgação de um édito antipelagiano. Um rescrito imperial novo de 9 de junho de 419 ameaçava todos os bispos rebeldes de destituição do cargo. Em 425, o imperador Valentiniano III decretou a expulsão da Gália de todos os pelagianos. Logo após, o pontífice Celestino I providencia "a liberação das ilhas britânicas do cancro do pelagianismo". O próprio Pelágio, reiteradamente condenado pelas autoridades eclesiásticas, e procurado de modo minucioso por esses membros estatais, desaparece sem deixar rastros, enquanto Celestio, fugindo de um lado para outro, continuou com as suas pregações. Talvez acabou se refugiando num mosteiro egípcio, ou ainda talvez voltou à pátria, elevando-se representante da tradição deparando-se com a nova doutrina sustentada pelo doutor 'gratiae'! Não casualmente, de fato, que elementos da doutrina de Pelágio são encontrados em quase todos os textos oficiais da Igreja, elementos que têm sua origem na época do próprio Pelágio, ao passo que a doutrina de Agostinho (considerado seguidamente um "herege") é encontrada esparsamente, e com base nas ideias iniciais de Tertuliano, em Cipriano e em Ambrósio."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 426 - 427

Esse é o modo único à disposição de um católico para subjugar a quem não pensa como ele, inclusive dentro do âmbito exclusivamente católico. Os católicos estão de tal maneira acostumados a fazer uso da violência, contra o mundo, que finalizam usando da violência até mesmo dentro do seu privativo âmbito religioso e social.

O ensinamento de Agostinho de Hipona, à igreja católica, é o da necessidade de aniquilar com os adversários, com todos os meios possíveis, bem como garantir-se com vantagens pessoais.

O ódio de Agostinho de Hipona, pelos Pagãos, demonstra ser o ódio de quem vive separado da sociedade e deve difamar, porque somente difamando e violentando, pode obter algum tipo de prazer oriundo do seu próprio fracasso em existir.

Para Agostinho, os Deuses dos Pagãos não são sujeitos que habitam o mundo ao lado dos homens, mas são meramente estabelecidos.

"A justiça é a virtude que reconhece qualquer um dos seus. Qual é a justiça do homem, portanto, que subtrai o próprio homem do Deus verdadeiro e o submete aos demônios imundos? É precisamente isto o reconhecer cada um como sendo o seu? Quem tira um campo de quem o tinha comprado e o entrega a quem não podia afirmar ter algum direito, é injusto; é talvez justo então aquele que se subtrai ao poder de Deus que o criou, e se coloca a serviço dos espíritos do mal?"

Agostinho de Hipona, A cidade de Deus, Bompiani, 2015, p. 976

Mentira, difamação em função da legalização da escravidão. Qual é o homem que não dispõe de si mesmo, senão o escravo? O escravo que, segundo Agostinho de Hipona, comete injustiça porque acredita em Deuses diferentes do carniceiro de Sodoma e Gomorra. O patrão de Agostinho de Hipona não é Deus, mas é a ideia de um Deus atrás da qual se oculta o delírio de onipotência de um doente mental, como é Agostinho de Hipona.

O teólogo Karlheinz Deschner escreve, ao se referir ao ódio de Agostinho de Hipona contra os Pagãos:

"Com inaudita tenacidade o bispo de Hipona conduz a sua batalha contra "o horror dos ídolos", contra "os cultos ímpios", contra "a gentalha pagã", os "impuros", os "espíritos repugnantes", "todos os irremediavelmente malvados": que "sejam afastados, que "sejam desprezados". Agostinho zombava de Júpiter o "sedutor" e as suas "façanhas detestáveis". Condenava a "lascívia de Vênus", o culto da Grande Mãe, "um ato repulsivo, criminoso, infamante", e a própria Grande Mãe, definida um "monstro" que, com a sua multidão de jovens amantes em troca de pagamento, contamina a terra e ofende o céu. Isto para não se falar de Saturno que, francamente, supera a Grande Mãe, "com a sua crueldade descarada". Apesar disso, Agostinho - como farão, em seguida, também Tomás de Aquino ou papa Pio II - defendia a prostituição, como um instrumento para evitar que "o ímpeto das paixões levasse à ruína": a habitual moral católica dupla! (Amiúde papas, como por exemplo Sisto IV [1471- 1484], promotor da festa da Imaculada Conceição, não somente bispos, abades, abadessas de conventos renomados, mantinham bordéis muito lucrativos!)

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 430 - 431

E ainda:

"Logo que se tornou bispo, Agostinho havia anunciado que somente os malvados usam a violência contra malvados. Rapidamente, apesar disso, deu início à luta contra os pagãos com a mesma postura implacável que usara para combater os "hereges". Neste sentido, o império de Roma era uma segunda Babilônia: "condita est civitas Roma velut altera Babylon". O santo atestava, por isso, com determinação, a aniquilação do paganismo, suplicando a destruição dos templos, dos bosques sagrados, das estátuas, de toda e qualquer forma de culto: um tipo de represália contra aqueles que precedentemente haviam ceifado vítimas entre os Cristãos. Sustentava também a existência presumida de uma frente de batalha comum de hereges, pagãos e Hebreus, imediata "contra a nossa unidade". Proclamava triunfantemente, no ano 400: "Em todo o Império os templos foram destruídos, os ídolos abatidos, cessaram os sacrifícios e aqueles que adoram os deuses, ao serem descobertos foram devidamente punidos". O santo se opôs com fanatismo excessivo a todas "as tentativas realizadas pelo pensamento humano para implantar a felicidade acima da infelicidade da vida terrena", condenou de maneira definitiva toda a tradição ética do mundo antigo; ao que se relacionava ao paganismo mostrou-se ["tão disposto ao ataque como ele havia se preparado para atacar Donatistas e pelagianos"] "as ready to attack as he was prepared to attack Donatists and Pelagians" (Halporn). Com a exclusão da pena de morte, Agostinho julgou justo infligir aos pagãos todos os tipos de tormentos e punições. Como realmente instituía um paralelo entre a luta conduzida contra os Donatistas e a usança por parte de um pai de espancar, com objetivo de prevenção, todo sábado à noite, a sua própria família, assim, inclusive comparava as leis anti-pagãs com as providências tomadas pelo mestre contra os discípulos que, rolando na lama, se emporcalham totalmente. De fato, depois, acabava admitindo a pena de morte também contra os pagãos, tanto quanto aos donatistas, cuja aplicação, via de regra, contestava."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 431 - 432

E ainda:

"Foi o imperador Honório (393-423), filho de Teodósio I, a auxiliar, naquele momento, com solicitude particular as requisições da Igreja. Ele vivia sob a influência de Ambrósio e de sua irmã Galla Placidia, mulher devota, fundadora de igrejas, inimiga feroz dos "hereges", por sua vez profundamente influenciada por um conselheiro seu de muito tempo, san Barbaziano (cuja festa é em 31 de dezembro), taumaturgo célebre. Por detrás de solicitações reiteradas por parte das autoridades eclesiásticas, com uma série de normas promulgadas em 399, em 407 e em 415, o imperador prescreveu, na África, a remoção das estátuas dos templos, também a destruição dos altares, a demolição dos locais de culto, ou então o confisco desses locais para disponibilizar de suas riquezas em algum outro local. Quando Agostinho pediu à corte de ravena uma aplicação mais rigorosa das leis, Honório renovou as disposições legais com ameaças, em caso de haver transgressão, inclusive a intervenção da força militar. "O Estado mostrava-se sempre mais solícito para ajudar os requerimentos dos cristãos" (Schultze)?' Fortificação de sustento da Igreja junto com o próprio Estado, as hordas católicas dedicaram-se às purificações das campanhas, com uma brutalidade comparável àquela usada no tempo dos circoncelhões. Ocasionalmente, Agostinho chegou impor, como regra, que aqueles que se convertessem ao cristianismo, que providenciassem, pessoalmente, a destruição dos templos e dos seus ídolos. Em alguns casos, os novos convertidos se rebelaram, é o que acontece em Calama (Guelma), nas vizinhanças de Hipona, onde Possidio, amigo e biógrafo de Agostinho, não somente bispo da cidade atraiu para si ódio de tal modo que até mesmo os curiões recusaram dar-lhe proteção. Todavia, enquanto a população enfurecida agredia a sua basílica e o mosteiro anexo, matando um dos monges, Possidio conseguiu fugir. A demolição, por parte dos cristãos, do templo de Hércules, em Sufa, gerou um tumulto de tal gravidade que, Agostinho, que havia acusado duramente o governo da cidade, ainda pagão, e que chorou pelas mortes de não menos 60 confrades massacrados. Ele se reporta a esse episódio por meio de um conto tramado e com uma mistura de indignação, ódio, zombaria, não se referindo nem de um modo mínimo à quantidade de vidas ceifadas das vítimas pagãs, um tumulto que foi provocado por cristãos. Sufa não foi um único caso. Não foram raras as destruições dos templos e das estátuas pagãs, e foram destruições acompanhadas de choques sanguinolentos até mesmo dentro dos próprios locais de cultos. Se os pagãos abjuravam à sua fé por temerem ao fanatismo dos seus adversários - como haviam feito em certo tempo os cristãos combatendo os pagãos - eis que Agostinho escarnecia: "Esses são servos do diabo." Aos olhos do santo, a devastação dos templos e das estátuas que os adornavam, configurava-se um ato de devoção. E não deixou de exultar diante da vitória final sobre os pagãos, conquistada em campo de batalha. Há quiçá motivo de admiração quando o neoplatônico Massimo, em uma carta que endereçou a Agostinho, referiu-se aos santos criminosos?"

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 433 - 434

Toda a vida de Agostinho de Hipona constitui uma história de ódio que causa morte e destruição, apenas e tão-somente pelo prazer de Agostinho de Hipona praticar o mal contra as pessoas que não se colocam de joelhos diante dele.

Além disso, nada resta aos hebreus para qualificarem o ódio de Agostinho de Hipona, pelos homens. Contudo, foi por obra de Agostinho de Hipona que os hebreus, atuais judeus, padeceram agressões contínuas e sistemáticas por toda a idade média até o genocídio praticado pelos nazistas.

O teólogo Karlheinz Deschner escreve:

"O costume dos Hebreus são mortalmente perigosos para os cristãos. Quem os observa, seja este hebreu ou pagão, envolve-se com a vingança do demônio". Segundo Agostinho, tudo o que se referia aos Hebreus, havia sempre alusão à sentença bíblica: "Serão precipitados nas profundezas...no fogo eterno", e estavam convencidos de que até a chegada do fim do mundo eles permaneceriam escravos; escravos naturalmente dos cristãos. O bispo de Hipona, que separava dois tipos de homens, isto é, os cristãos e os Hebreus, dentro da sua especulação teológica, levou às últimas consequências o processo para considerar os Hebreus inumanos. No tocante ao relacionamento entre os Hebreus e o Antigo Testamento, ele afirmava que não somente: "Leem como cegos e cantam como mudos", negando-lhes a condição de povo "eleito", e de uma vez por todas negava-lhes o direito de chamarem-se Hebreus! Para ele que tudo era uma questão de amor - "Que bem precioso é o amor!" - com entusiasmo aplaudia as crueldades cometidas pelos cristãos e os danos sofridos pelos Hebreus, avaliando-os atos de extrema justiça e, ainda, chegou a considerar que "certos massacres dos Hebreus" uma manifestação da punição divina. No restante, outrora quando da destruição de Jerusalém, e a guerra dos judaica eram expressões da vingança de Deus. Em tons exaltados, o santo se ufanava pelo fato de os Hebreus tremerem em frente aos cristãos. Provavelmente ao afirmar isto se referia ao primeiro grande pogrom hebraico, a primeira "solução final" que teve lugar no ano 414 em Alexandria, por obra do patriarca Cirilo: "Vocês ouviram o que aconteceu a eles, não apenas timidamente tentaram rebelar-se contra os cristãos!" Agostinho foi inclusive o primeiro entre os teólogos que imputou aos Hebreus a culpa pela morte de Cristo, culpa que estaria na origem da servidão perpétua dos Hebreus. Essa ideia foi retomada em 1205 pelo papa Inocêncio III e se encontra nos decretos de 1234, de Gregório IX. O antissemitismo de Agostinho condicionou, de maneira relevante, inclusive a elaboração de leis, neste sentido, dos imperadores."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 437

O ódio é a característica de Agostinho de Hipona e se tornará a característica da igreja católica. Este delírio de onipotência que leva a insultar, a difamar, a desacreditar, a zombar até à condenação militar, à violência e à tortura que os cristãos colocaram em execução para garantirem-se o controle do mundo.

E está clara a ideia de Agostinho de Hipona para incitar a guerra, por meio da qual aprova a chacina dos seus inimigos.

Karlheinz Deschner escreve:

"Tais guerras, como todas as desgraças e horrores deste mundo, retornavam ao plano da providência de Deus. Era suficiente um "sinal do Altíssimo" para que as guerras se concretizassem; o Onipotente havia concedido "aos Romanos a fundação do seu Império no espaço e no tempo que ele tinha estabelecido". Em cada guerra Deus havia decidido sobre "o início, o decorrer e o fim". As atrocidades, que acompanhavam cada conflito, eram necessárias para debelar o inimigo, para "sujeitar os adversários e impor a eles as suas leis específicas de paz". Afinal, o objetivo último de cada guerra era a paz. "Até mesmo aqueles que amam a guerra não querem outra coisa a não ser a vitória que conduz a uma paz gloriosa. O que é, efetivamente, a vitória, a não ser a derrota do inimigo? Uma vez que esta foi obtida, há espaço para a paz. Por conseguinte, por amor à paz se faz a guerra..." É de notar-se que também o mau se torna bom. Aquele que teme perder a vida na guerra, o santo o conforta: "Sejam quantos forem, não será morto aquele que não deve morrer." "O que importa o modo como se morre?" Ou ainda com o seu cinismo típico: "Por quais razões se é contrário à guerra? Talvez porque nela perecem homens que de qualquer modo estão destinados a morrer um dia?" E outros termos: visto que vocês devem falecer, então porque não expiram rapidamente de bom grado? Um modo cômodo encontra o jesuíta K. Rahner para justificar tais comportamentos do bispo de Hipona: para Agostinho "Deus é tudo, o homem é nada!" Também a Igreja sempre se comportou em concordância com essa convicção. E Deus, é inútil recordá-lo, é a própria Igreja! Que a guerra deveria existir, parecia absolutamente compreensível ao porta-voz "Dos Evangelhos!" No final da contas, sempre tinha sido assim. "Quando que a terra não foi agitada por alguma guerra?" E assim sempre será, "está escrito no destino do mundo que ele deve ser afligido gravemente, como este flagelo similar, exatamente como o mar é agitado pela tempestade..." "A guerra e a paz, como as marés, enquadram-se nas leis da natureza? Todavia - assegura Agostinho - tudo passa." "Os males que afligem atualmente a humanidade, dos quais ela se lamenta, dirigindo-se a Deus com ofensa, enquanto afirma que não há quem a libere desses tais males, portanto estão inexoravelmente destinados a cessar; ou desaparecerão graças a nós, ou nós desapareceremos por causa deles." Uma filosofia sem dúvida consoladora: uma filosofia cristã. Agostinho assume, ao que tange à tortura. um comportamento análogo àquele que assumiu em relação à guerra. A tortura, para ele, era algo que representava nada se comparada com as penas do inferno; inclusive quando a aplicação da tortura era executada da maneira mais cruel, era sim suportável, era um mal passageiro, uma "cura" salutar. Guerra e tortura, ambas, para Agostinho serviam para corrigir e tornar o homem melhor. De modo que, um teólogo não conhece nem embaraço, nem vergonha."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 444 - 445

A intenção da guerra, contanto que a performance do carniceiro seja a mesma performance de Agostinho, que tinha um desejo aguerrido de tal modo forte nesse seu personagem, que deveria despertar horror em cada homem.

Em 426, já cansado, doente e consciente do fracasso da sua existência, Agostinho de Hipona nomeia seu sucessor um amigo seu, o diácono Heráclio.

Com as suas intrigas, Agostinho de Hipona fez estourar uma guerra na África, onde o general Bonifácio declarou guerra a Galla Placidia, irmã de Honório.

Galla Placidia enviou o exército dos visigodos para combater Bonifácio. O exército de Felice era conduzido pelos generais Mavorzio, Gallione e Sanace; invadiu a África e cercou Bonifácio. Com os visigodos chegou em Hipona um bispo ariano, Massimino. O bispo ariano aterrorizou Agostinho de Hipona, pois dedicou-se a fazer uma conciliação entre Bonifácio e Galla Placidia. Nesse meio-tempo, para se defender, Bonifácio chamou os vândalos estabelecidos na Espanha. Estes, em seguida, chegaram com as famílias. Quando Bonifácio e Galla Placidia se reconciliaram, Bonifácio expôs que não tinha necessidade deles, mas os vândalos, em vez de voltarem, cercaram a cidade e derrotaram Bonifácio que, então, fugiu para a Itália. Naquele momento a conquista da África pelos vândalos teve início.

Hipona estava cercada. Agostinho experimentou o desespero total da sua vida fracassada repleta de ódio e de violência.

Karlheinz Deschner escreve:

"Apesar de a sua saúde estar instável, o santo chegou à idade de 76 anos. O seu biografista, von der Meer, atendo-se estritamente nos testemunhos de Possidio di Calama, discípulo e amigo de Agostinho, assim descreve a morte do bispo de Hipona, ocorrida em 28 de agosto de 430: "Durante dez dias na solidão, com os olhos em direção às folhas de pergaminho nas quais estavam escritos os salmos penitenciais mantidos pendurados na parede, ele os repetia com palavras seguidas de lágrimas atormentadoras. Foi desse modo que morreu." Por quê chorava... uma vez que estava para alcançar o Paraíso? "Quem anseia, conforme diz o Apóstolo, "a livrar-se dos vínculos terrenos, para chegar a Cristo", escrevia Agostinho - naturalmente quando ainda tinha saúde - "vive com paciência e morre com alegria". Agostinho, todavia, não morreu com alegria, nem viveu com paciência."

Extraído de: Karlheinz Deschner, volume I da História criminosa do cristianismo, ed. Ariele, 2000, p. 402

Agostinho de Hipona morreu desesperado como também viveu com ódio e com violência. Uma violência que não se limitou somente à sua pessoa, mas que continuou sendo usada pela igreja católica, violência esta que trará morte e devastação na história da humanidade.

Aos 28 de agosto de 430 morre um dos indivíduos mais impiedosos que pisou o solo da terra.

Enquanto isso, a cidade de Hipona vivia o cerco dos Vândalos. Sofreu um assédio durante 14 meses, ao passo que Bonifácio havia aprovisionado a cidade, nesse ínterim a população morria de fome. No final, Bonifácio e o exército imperial, que haviam se aliado, tiveram de fugir. A cidade foi desocupada e os vândalos a conquistaram, devastaram-na e incendiaram-na. Em seguida torna-se a capital africana do novo reino dos vândalos, até que em 439 não conquistaram Cartago.

 

Marghera, 14 de novembro de 2018

 

 

A tradução foi publicada 12.12.2018

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

 

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