Arte da Armadilha

A vida no ser natureza - Debate número 10

A filosofia do tornando-se da Religião Pagã

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Filosofia Pagã

Índice:

--- A Armadilha como Arte

--- Os Elementos que Compõem a Arte da Armadilha

--- Da razão à intuição

--- Mover o olhar

--- Armadilha a nós mesmos. Nas práticas da armadilha em competições com o mundo

--- Transferir-se, a si mesmo, no mundo

--- Recapitulando

--- As três armadilhas

 

 

A Armadilha como Arte

O elementos que compõem a Arte da Armadilha são DEUSES que, para quem vive por desafio, são evocados; e quem assim os evoca, transforma-se a si mesmo!

Estão lembrados de onze mandamentos dos quais mais de uma vez falamos, e que os usamos para esquematizar a Arte da Armadilha?

Estão recordados dos onze mandamentos ?

Pois bem, são usados para esquematizar a Arte da Armadilha.

1) Conhecer-se a si mesmo, e as suas possibilidades;

2) Conhecimento da objetividade em que se opera;

3) Conhecimento do Intento pelo qual se age;

4) Estar Ciente de que a necessidade e o Intento coincidem;

5) Individuação do objetivo do próprio Intento;

6) Observação do objeto da armadilha;

7) Esconder a si mesmo e as próprias intenções do objeto;

8) Tornar-se parte indistinguível da objetividade;

9) Capacidade para se subtrair (cessar com a armadilha);

10) Paciência para esperar o momento oportuno;

11) Destruir o objeto.

Se trata de regras absolutamente racionais: vocês nunca as aplicaram? Ensinaram-nas aos seus filhos?

Regras que deveriam ser ensinadas pelos genitores aos próprios filhos, para permitirem que eles enfrentem do melhor modo possível a vida de todos os dias.

Isto não acontece.

Disso resulta o VAZIO EXISTENCIAL DAS PESSOAS.

Sem elas:

a) não se está preparado com instrumentos para enfrentar a vida;

b) não sabe do por quê se deve enfrentar a vida;

c) não se conhece a relação entre necessidades subjetivas, Intento e a vida;

d) não são conhecidas as transformações que aguardam o presente;

A construção dessa impotência nas crianças (porque a impotência para enfrentar a vida, é educacionalmente CONSTRUÍDA) constitui o VAZIO EXISTENCIAL, que qualquer porcaria baseada sobre dogmas de fé, que tente manifestar qualquer forma psíquica de esperança, jamais poderá preencher; dogmas de fé que somente se apropriam das pessoas.

NÓS NÃO ESTAMOS FAZENDO RACIONALISMO, ou melhor, o racionalismo não é objeto do nosso trabalho.

Na nossa Arte da Armadilha, nós não somos como o tigre (nos quatro cantos do mundo) que deve caçar o cervo.

A Arte da Armadilha serve para:

SERVE PARA CONSTRUIR A NÓS MESMOS NA OBJETIVIDADE EM QUE NASCEMOS!

Agindo na objetividade Nós nos modificamos!

A objetividade, na qual vivemos, agindo, nos obriga à modificação!

Qual é a diferença entre o modificarmo-nos e o nos construirmos?

É o acúmulo subjetivo da modificação, que se torna acúmulo de energia, acúmulo de experiência, acúmulo de instrumentos de modificação devido ao exercício da minha vontade na objetividade partindo daquilo que me tornei que me foi doado pela minha espécie, através da sua transformação no ato do nascimento.

Quando exercitamos a nossa vontade, agindo no mundo em que vivemos, nos modificamos; uma modificação que diz respeito ao tornar-se, seja como indivíduos físicos, seja como estrutura psíquico-emocional, que foi produto das nossas adaptações passivas ao condicionamento educacional que sofremos.

A nossa modificação, com a permanência da nossa ação na objetividade, modifica a própria objetividade, construindo as VARIÁVEIS OBJETIVAS que impõe adaptações ao indivíduos em particular que compõem a objetividade em si mesma.

Portanto, partamos de uma definição racional da Arte da Armadilha, para nos aprofundarmos na arte da MAGIA, como poder de modificação subjetiva.

Isto é possível porque o objetivo da pratica da Stregoneria não é a conquista. Não é a apropriação ou destruição de tudo o que existe. Isto é próprio do Poder de Possuir. A prática da Stregoneria manifesta o PODER DE SER do indivíduo.

Podemos dizer que em Stregoneria não existe um espaço para ser conquistado. Em Stregoneria, existem os processos de mutação e transformação, que se impõem através da construção de variáveis objetivas, às quais os sujeitos, que compõem o objetividade que nos circunda, são forçados a se adequarem e a se adaptarem. Forçar, neste caso, não significa "Obrigar a ...por meio da força ou violência", mas manifestar as variáveis com uma tal determinação na objetividade, que qualquer sujeito que possa agir no âmbito das manifestações dessas variáveis, não pode deixar de tê-las em consideração.

*Não pode deixar de levar em consideração a prova de que o deus dos católicos é o açougueiro de Sodoma e Gomorra, e que as pessoas não percebem que se encontram de joelhos a exaltarem um assassino, que emprega a libido unicamente para assassiná-las.*

Por isso, veremos como todas as nossas tensões, raivas, prazeres, desesperos, vontade, paixões, virão a ser empregadas pelo indivíduo na construção da estratégia que compõem a Arte da Armadilha, menos no ato final.

A Arte da Armadilha, manifesta, no seu desenvolver-se, as tensões, as raivas, os desejos, as paixões do indivíduo, que são resolvidas, em si, no exercício da Arte e, NÃO, AO SER ALCANÇADO O OBJETIVO QUE A RAZÃO PENSA COMO SENDO A SOLUÇÃO das tensões, raivas, desejos ou paixões. Os desejos, as raivas, paixões e tensões encontram, no desafogar deles (e na renovação deles), a estratégia, colocada para existir para ser atingido um objetivo, mas NÃO no objetivo (em si) que a razão imagina seja aquele que satisfaça o desejo, a raiva, a paixão ou a tensão.

A Arte da Armadilha, quando é usada como prática de vida, coloca em movimento todas as energias emotivas profundas da pessoa, porque toda a pessoa é um jogo, permitindo à intuição de se exprimir na razão para satisfazer tensões profundas TAMBÉM E SOBRETUDO diversas daquelas que constituem os objetivos pelos quais a pessoa colocou em existência a sua estratégia da armadilha. Quando a pessoa coloca em execução estratégias por questões de trabalho, e sobre essas questões emprega a sua razão, não faz outra coisa senão SATURAR emotivamente a própria razão a qual está de tal forma empenhada em resolver aquela questão, que não está em guarda nas expressões das tensões do indivíduo sobre outros aspectos da vida. Assim, a estrutura emocional pode se exprimir dentro do indivíduo levando-o a resolver toda uma série de tensões (no campo afetivo, no campo psíquico, no campo de trabalho, etc,) que naquele momento não pensava. Quando o indivíduo descobre as soluções dos problemas, que anteriormente o afligiam, a razão corre ao seu refúgio tentando descrever e a apropriar-se das novas soluções, que foram atingidas com a liberação da chegada da intuição, para solucionar os problemas, e para os quais o indivíduo construiu a sua estratégia de existência, permitindo à quantidade intuitiva, que nesse meio tempo tinha se acumulado, de se exprimir em qualidade solucionadora da sua estratégia.

Se no exemplo racional da Arte da Armadilha, digamos que o tigre conclui a sua arte destruindo o cervo, já na armadilha da Stregoneria o resultado final da ação se manifesta por si porque germina da objetividade, que foi manipulada por quem pratica a Armadilha. Em última análise, podemos dizer que o resultado final na Arte da Armadilha em Stregoneria é a formação de uma objetividade diversa, na qual o agir é retomado. Em última análise, podemos dizer que o resultado final da Arte da Armadilha em Stregoneria é a formação de uma diversa subjetividade, munida de maneira diversa, através da qual enfrentar a objetividade.

 

Os Elementos que Compõem a Arte da Armadilha

Recordemos dos elementos que a compõem:

1) Conhecer-se a si mesmo e as suas próprias possibilidades;

2) Conhecer a objetividade e o mundo no qual se age;

3) Agir respondendo às próprias necessidades - reconhecendo as necessidades próprias;

4) Individuar o objetivo, o qual alcançado, se o própria necessidade é satisfeita;

5) Analisar o objeto considerado - individuar o conjunto do qual é expressão;

6) Esconder a si mesmo - ocultar o próprio Intento - Distrair - Impedir a individualização das próprias estratégias - Dissimular;

7) Tornar-se parte integrante do mundo - Não se separar do mundo - Se houver separação, manifestar o Intento de fazê-lo, como e porque;

8) Subtrair-se da Atenção do mundo quando ele lhe fizer objeto da sua atenção (para se subtrair de ser presa é necessário individuar a armadilha para a qual nos fez objeto; O que você quer? Por quê?);

9) Quando se age para construir as condições para capturar, as condições são DEUSES que nós manifestamos; mas uma vez que nós os manifestamos, a ação deles se torna independente da nossa vontade. Como o agir deles pode continuar ligado à nossa operação da armadilha? Através do Intento. Se trata de Armadilhas dentro de Armadilhas onde cada ação de armadilha produz os fenômenos de variação, seja nas armadilhas que contem, seja as armadilhas na qual a nossa atenção de armadilha está contida. O Intento subjetivo é a verdadeira força de coesão da nossa ação estratégica. É o Intento que leva a amadurecer as condições que construímos;

10) A consecução do resultado final deve chegar por si, quase como irresistível de acordo como se construíram as condições, como se:

TIVÉSSEMOS AGIDO SEM AGIR

O esforço, a raiva, a paixão, as tensões emotivas, o desejo devem ser manifestados com grande força, na preparação da armadilha. Estas tensões encontram a satisfação delas na preparação e na organização subjetiva da estratégia da armadilha, NÃO NA CONSECUÇÃO DO OBJETIVO. Exatamente por isso a Arte da Armadilha com frequência modifica o objetivo final. Frequentemente se passa de um objetivo pensado pela nossa razão, para a modificação de um objetivo ligado à nossa estrutura emocional e às necessidades do corpo luminoso que cresce.

Note-se como o CONHECER é a base da arte da armadilha: quanto mais se conhece, tanto melhor a expressão da arte, quanto menos se conhece, então mais inferior será a manifestação da arte.

O conceito de CONHECER, no que se refere à arte da armadilha, é relativo ao aspecto da ABSORÇÃO, ASSIMILAÇÃO. Existe um conhecer racional e existe um CONHECER que vem a ser interiorizado pela experiência. Destes tipos de CONHECER há um CONHECER emocional que se exprime por meio da Intuição e que é formado de vários elementos, entre os quais a experiência, como é entendida pela razão, a experiência de relações emocionais, a experiência atávica da espécie (aquilo que alguém chama de arquétipos e que são momentos do que a espécie se tornou, que vem a ser fixados dentro do indivíduo) e que se exprime através da intuição. Há o CONHECER do Corpo Luminoso, que cresce e que transmite dados sob forma de explosões intuitivas, e à razão com base na experiência que o Corpo Luminoso faz dentro da atividade da razão, à qual se coloca ao lado, isto é colaborando, cooperando, através de um uso subjetivo dos sentidos físicos, na percepção do mundo. Assim, a manifestação do Intento é diversa segundo o CONHECER que manifesta tensões e necessidades.

De outra parte, o mundo que nós descrevemos e percebemos, é somente uma interpretação subjetiva e parcial da realidade; e é dentro desta interpretação subjetiva e parcial, que nós agimos. Mais instrumentos ativamos dentro de nós para penetrar essa realidade e ampliar a capacidade subjetiva de percebê-la e interpretá-la e melhor e mais eficazes são as nossas estratégias de existência.

A cada um desses CONHECER correspondem similarmente Artes de Armadilha, que em quem pratica Stregoneria vêm a se fundir, tanto é que em certo momento pratica-se a Arte da Armadilha sem se saber que se está praticando a Arte da Armadilha. Dizemos que nesse caso EROS UNIVERSAL ou INTENTO foi baixado dentro de nós.

1) Conhecer-se a si mesmo e as suas próprias possibilidades!

O argumento já foi visto no que se relaciona ao Debate sobre Determinações.

Não se trata de saber como se é, mas se trata de individuar os processos através dos quais se veio a ser para incidir nos processos de transformação, através dos quais viremos a ser.

Trata-se de saber qual é a representação própria no mundo em que se vive; quais DEUSES se manifesta no próprio ser atores no mundo.

Na Arte da Armadilha Conhecer a si mesmo significa conhecer as suas próprias possibilidades de ação naquele momento, naquela situação, naquelas condições.

Conhecer a si mesmo, significa: conhecer a nossa capacidade de representar o DEUS que cresce dentro de nós, na situação objetiva na qual manifestamos a nossa vontade: a fosse dentada de Gaia, cujo uso nos qualifica como DEUSES!

2) Conhecer a objetividade e o mundo no qual se age

Nos tratamos desse tema na mistura do Stregone em várias partes:

1) Vontade;

2) Escutar o Mundo ao nosso redor;

3) Apalpar o mundo;

4) Chamar as coisas com o seu verdadeiro nome.

O mundo é objeto em si mesmo!

Nele nós nascemos.

Nele nós agimos.

É através das ações que nós reconhecemos o mundo. Fenômenos são as ações que o mundo endereça em relação a nós; fenômenos são as nossas ações no mundo.

Para conhecer a objetividade a nossa atenção não deve ser fixada sobre o fenômeno, mas sobre as adaptações que aquele fenômeno estimula ou induz, seja na objetividade inteira seja dentro do sujeito individual; ou mesmo sobre os sujeitos individuais que compõem a objetividade, entendidos como atores individuais da objetividade em si.

Levar a atenção às adaptações que se manifestam do fenômeno, é chamado de:

*OLHAR O TEMPO QUE NOS VEM DE ENCONTRO*

Isto no Paganismo Politeísta significa: fazer-se Giano.

Este modo de usar a atenção permite ao caçador da Armadilha introduzir novos fenômenos na objetividade, antes que as adaptações desta, aos fenômenos precedentes, sejam definitivos e venham a ser fixados.

Conhecer a objetividade significa: CONHECER AS ADAPTAÇÕES DELA QUANDO SE APRESENTA UM FENÔMENO.

Este tipo de conhecimento não pertence à razão, a não ser em uma parte mínima, ou na parte descritiva do agir, porém é própria do desenvolvimento da intuição como um resultado dos nossos esforços em vivermos por desafio. Este tipo de conhecimento, inicialmente se forja no âmbito específico do nosso campo de ação (familiar, do trabalho, social, etc.) para depois se estender no âmbito da nossa vida inteira.

É a VONTADE, que através da intuição, toma espaço na Razão.

DESVIAR O OLHAR: significa desviar a nossa atenção do fenômeno às adaptações que o fenômeno obriga no conjunto, no qual o fenômeno se manifesta.

3) Agir respondendo às necessidades próprias - reconhecer as necessidades próprias

São aspectos dos quais já tratamos na Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone):

1) Determinação;

2) Meditação;

3) Correntes Vegetativas.

No mundo em que vivemos este tipo de agir é considerado EGOÍSTA. É assim do momento que reafirma a centralização do ego na minha vida. Porém, se eu reconheço a existência do mundo, é porque eu existo e eu posso ampliar o meu conhecer o mundo somente se o meu ego se desenvolve.

Trata-se da distinção entre Poder de Ser e Poder de Possuir.

As proposições do mundo definem aprioristicamente o que é o EGOÍSMO.

1) O Poder de Possuir ou de Ter, se manifesta por meio da posse e a sujeição dos quais deriva a posse dos indivíduos,

Em um mundo aonde as proposições são determinadas pelo Poder de Possuir, todo o conceito de Poder se relaciona à posse. Quem manifesta poder é aquele que compreende que possui outros indivíduos; relacionar-se com outros mediante a sua capacidade de possuir indivíduo. O seu EGOÍSMO se manifestará no desejo de posse de indivíduos, porque somente dentro da posse, esse indivíduo, conseguirá se reafirmar.

Dentro do Poder de Ter a limitação do EGOÍSMO se traduzirá em limitação da capacidade subjetiva em possuir indivíduos e limitar-lhes a existência.

2) O Poder de Ser se manifesta mediante o desenvolvimento da capacidade de um sujeito de agir no mundo, com base nas suas próprias determinações.

Em um mundo em que as proposições são determinadas pelo Poder de Ser, cada conceito de Poder relaciona-se à capacidade do sujeito de poder se mover e se desenvolver no mundo.

Quem manifesta o poder é quem sabe ser hábil, do melhor modo possível, na vida, através dele mesmo. O seu EGOÍSMO se manifestará no desejo de adquirir, sempre, instrumentos melhores por meio dos quais enfrentar a existência. Dentro do Poder de Ser a limitação do EGOÍSMO se traduzirá na limitação da capacidade do indivíduo de enfrentar a sua existência e de se expandir no mundo.

Se o Poder de Possuir para se reafirmar deve limitar o Poder de Ser dos indivíduos, com a finalidade de transformá-los em objetos de posse, o Poder de Ser não pode tolerar (e por isso deve limitar) o Poder de Possuir, porque este limita a capacidade de ação do sujeito que exprime a sua capacidade de agir no mundo.

Quem age em função da necessidade própria, não pode ser transformado em um objeto de posse. Para ser transformado em objeto de posse é necessário que o Poder de Possuir obrigue o indivíduo a subjetivar necessidades não suas. É o caso, por exemplo, das fobias sexuais. O sujeito que exprime a fobia foi obrigado a subjetivar uma moral expressa por uma necessidade que não é sua; expressa pelas necessidades próprias do Poder de Possuir, que através da moral, o constrange a se tornar objeto de posse.

Quem age por meio do Poder de Possuir, satisfaz as suas próprias necessidades por meio do exercício de possuir outros indivíduos (e assim sempre tentará possuir indivíduos da própria espécie).

Um indivíduo que pratica o Poder de Ser não pode ser transformado em um objeto de posse, isto se ele tomou a decisão de viver por meio do Poder de Ser. Neste ponto quem pratica o Poder de Possuir o acusa de ser EGOÍSTA porque ELE não se deixa possuir.

Quero recordar que no Paganismo Politeísta e na Stregoneria é admito apenas um momento, ou melhor, uma única situação na qual os indivíduos renunciam a se determinarem, como DEUSES, e jogam com o possuir e serem possuídos: é dentro das relações sexuais (de modo especial na Espécie Humana). O jogo da posse pode durar somente enquanto durar a relação interpessoal, do tipo sexual, mas não se estende fora desse tipo de relação; nem mesmo para garantir a continuidade da própria relação sexual em si mesma (que se dever reger pelo prazer dado na relação).

Reconhecer e individuar as suas necessidades sobre as quais concentrar as próprias tensões e a suas ações, se torna prioritário como um guia das ações das pessoas.

O que lhe oprime?

O que lhe deixa irascível?

O que lhe deixa insatisfeito?

Reconhecer a raiz das tensões pessoais, e partindo delas, faz com que se coloque em ação as estratégias para exprimi-las.

E se devêssemos colocar em ação estratégias para objetivos falsos?

Colocar em ação uma estratégia leva TEMPO para executá-la; é o TEMPO, no desenvolvimento de uma estratégia, que modifica o Poder de Ser subjetivo (para o qual também a percepção do objetivo e do Intento) do sujeito que será modificado pela variação da percepção do intento e do objetivo a ser atingido.

Nenhum medo do erro.

Ninguém nos fuzila, pelo menos não na quotidianidade em que estamos vivendo neste momento (nas estratégias extremas para intentos extremos poderia acontecer). Na nossa situação, no máximo, alguém se alegrará por ter se iludido.

O importante é que o Intento seja perseguido através de um coração puro (isto é, que tenha sido atravessado pelas nossas tensões e pelas nossas emoções).

4) Individuar o objetivo, que alcançado, acredita-se estar satisfeita a própria necessidade.

Este aspecto já tratamos na Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone) quando falamos do: Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas.

É para se recordar que na vida de um Ser Humano, não existe a satisfação de uma necessidade seguida de um contentamento mais ou menos definitivo. O contentamento é sempre uma sensação momentânea que abre imediatamente abertura à novas necessidades, novos desejos e novas tensões.

Recordemos que ESTAMOS VIVENDO !

ESTAMOS PERCORRENDO UM CAMINHO QUE VAI DO NASCIMENTO DO CORPO FÍSICO À MORTE DO MESMO.

Lembrem-se que se vive por desafio.

Lembrem-se que depois de um desafio vem outro, e um outro ainda, até ao desafio final!

Se no mundo da razão, os desafios vêm e são resolvidos um de cada vez ( seja quando são feitos como quando são sofridos) até mesmo quando dividindo o principal do secundário (isto é, dando prioridade àqueles sobre os quais concentrar as próprias forças e a atenção), em Stregoneria alcançar um objetivo leva a satisfazer a necessidade própria somente se o alcance daquele objetivo são construídas "colunas" , ou pontos firmes, que servem para formular a Estratégia para alcançar os objetivos sucessivos.

Na prática, o conflito que enfrento numa lista de discussão, supero-o formulando os princípios que posso usar nas discussões, ou nas desavenças, ou ainda no desenvolvimento da clareza de pensamento ou daquilo que faço.

Eu, porém, não sei qual será o combate sucessivo. Quando vier tenho os "pontos firmes", "as colunas", sob forma de conceitos ou de coisas tornadas cristalinas, formuladas com precedência como base.

Este tipo de comportamento vem a ser chamado de: IMPECABILIDADE!

5) Analisar o objeto, considerá-lo - individuar o conjunto do qual ele é expressão.

Deste aspecto já tratamos quando falamos de:

- Escutar o mundo ao nosso redor;

- Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas;

Dissemos que um fenômeno não nasce por si, mas é produzido pelo conjunto (que pode assumir caráter espacial, temporal ou misto), do qual emerge como qualidade.

Assim, quando se constrói uma estratégia de armadilha, é necessário chamar o objeto da armadilha não somente pela descrição, mas também com o nome do conjunto do qual emerge, e de como aquele fenômeno, representa o conjunto do qual emerge que se apresenta a nós.

Por exemplo: há um fenômeno que rege um conjunto; o deus bom dos cristãos governa a religião deles. Este fenômeno rege aquele conjunto até o momento em que lhe é atribuída aquelas qualidades. Depois, chego eu, tomando aquele fenômeno e o defino por aquilo que ele é: reputando como uma armadilha a interpretação que comumente atribuem a ele, e o chamo pelo seu verdadeiro nome, O CARNICEIRO DE SODOMA E GOMORRA, e assim reproponho aquele fenômeno aos Seres Humanos com a nova interpretação. O conjunto do qual aquele fenômeno emerge não está mais em condições de se reproduzir e deve proceder a uma readaptação.

Isso vale para qualquer coisa, que preparamos uma armadilha: O OBJETO DA ARMADILHA É UM FENÔMENO SURGIDO DE UM CONJUNTO, DE UM COMPLEXO!

Urdir uma armadilha àquele objeto significa preparar a armadilha ao inteiro conjunto do qual o objeto é parte: CONSIDERAMOS COMO O CONJUNTO SE MODIFICA QUANDO LEVAMOS A TERMO A NOSSA AÇÃO SOBRE AQUELE SINGULAR FENÔMENO?

Isto vale também se o sujeito, ao qual preparo a armadilha, é um aspecto do meu caráter ou de um comportamento meu que quero modificar.

Aquele aspecto é um fenômeno que é parte de um conjunto das minhas adaptações subjetivas ao condicionamento educacional que sofri; e portanto, a armadilha que preparo àquele aspecto do meu caráter, que não me agrada, irá, no final, modificar-me por inteiro.

Levar uma "armadilha" ao chefe no local de trabalho, não garante que o chefe que chega depois da ação da armadilha, ou que irá se transformar depois dessa ação, seja melhor do que antes, ou que manifeste diretivas menos pesadas.

6) Esconder-se a si mesmo - Ocultar o intento próprio - Distrair, impedir a individuação das estratégias próprias.

Deste aspecto ainda não tratamos. De fato, é um aspecto que não é importante no mundo do Ser Natureza, mas se torna importante no mundo do Sistema Social.

Pertence ao mamíferos e à luta deles dentro do Sistema Social.

Deste elemento trataremos no próximo ciclo: A LOUCURA CONTROLADA!

Dentro do Ser Natureza não se produzem os esquemas que existem no Sistema Social.

Façamos um exemplo:

Se uma pessoa que está andando por uma estrada, e uma vez que encontra outra pessoa, emite "pensamentos obscenos" (qualquer que seja o conteúdo do termo obsceno que cada um de nós deseja dar); a obscenidade desses pensamentos é relativa ao seu ser indivíduo social; à sua adesão à uma moral; o seu pertencer àquela espécie social. Portanto, o esconder ou o manifestar, nesse caso, é relativo à própria espécie. Aos DEUSES, os pensamentos obscenos, não lhe importam em absolutamente nada. Os DEUSES se manifestam nas ações e são as ações dos Seres que manifestam a real intenção deles.

Quem aprendeu a ler as ações e considerar os fenômenos manifestados por um conjunto, NÃO manifesta um juízo moral (não se eleva a um juiz igual ao deus patrão, dominador e todo-poderoso), mas coloca em execução as ações, que pela vez delas manifestam os próprios intentos.

Este discurso é de difícil compreensão para os Seres Humanos quando educados dentro da concepção da vida monoteísta. O Sistema Educacional nos incitou para acreditarmos que fomos criados à imagem e semelhança de um deus louco, e portanto, nos tornamos tão "loucos" ao ponto de nos iludirmos que os Seres da Natureza nos percebam como nós pensamos, devem nos perceber, e não imaginamos que o aparato perceptivo deles e a capacidade de elaboração deles, perceba coisas diferentes daquelas que nós desejamos apresentar. Não imaginamos que os fenômenos que de nós, outros Seres da Natureza, percebam venham a ser recebidos seguindo percursos próprios de juízos e que venham a incidir em intentos próprios, projetos próprios e estratégias de vida próprias.

Dentro destas considerações (outras mais que se podem descobrir agindo) surge como evidente o subtrair-se ou o esconder-se (a não ser que se faça a caça sair da toca) é bastante relativo e acaba em se representar como uma projeção sobre os Seres da Natureza, daquelas que são as características sociais humanas.

O subtrair-se e o esconder-se, a si mesmo, se torna um elemento importante quando as estratégias da armadilha são articuladas dentro do Sistema Social; entre os Seres Humanos.

7) Tornar-se parte integrante do mundo - não separar-se dele - Decidir quando separar-se, como e porque.

Este aspecto já foi tratado na Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone) quando falamos de: CONTEMPLAÇÃO.

Com o termo Mundo, neste caso, indicamos cada situação objetiva na qual um sujeito coloca para existir as suas próprias estratégias.

Um complexo, é portanto, um MUNDO!

O Sistema Educacional inteiro nos obriga a pensarmos o mundo com duas estacas precisas:

1) O mundo é exatamente como nós somos, portanto projeta-te, a ti mesmo, sobre o mundo (nisto está o absurdo alquímico da igualdade do microcosmo com o macrocosmo, entendidos como de formas idênticas), disto é o que se usa dizer 'conheça-te a ti mesmo' como sendo uma projeção estática subjetiva sobre um mundo estático que nada tem a ver com "Conheça os meios com os quais agir no mundo".

*Pelo contrário: O mundo se desenvolve sempre de modo linear e por sedimentação, fazendo um tornar-se complexo aquilo que na origem era uma unidade simples. Do simples à articulação complexa, daqui é necessário conhecer os meios com os quais agir, porque só deste modo se conhece a própria colocação no mundo em relação ao mundo conhece-se a si mesmo!*

2) Os nossos sentidos e o nosso condicionamento educacional constituem o modo com os quais nos confrontamos com os objetos do mundo.

*Pelo contrário: os objetos do mundo têm o sistema de juízo deles e o sistema através do qual elaborar as estratégias deles, também em relação à nós. A qualidade de comunicação é diversa (existe, por exemplo, a comunicação química usada pelas plantas, hoje sabemos disto), mas o fato de ser diversa não por isso é menos complexa e menos funcional do que a nossa comunicação (verdadeiramente funciona de maneira mais favorável, desde há milhões de anos, do que a nossa). Cada comunicação transporta emoção, emoções que podem ser manifestadas com odores (química), sons, expressões corpóreas, e que vem a ser recebidas pelos objetos do mundo com os sentidos deles. Portanto, manifestamos as nossas emoções enquanto falamos com uma planta, e ela receberá as nossas emoções com os sentidos delas.

Recordo que um exemplo clarificador o fornecemos para descrever o Poder de Ser de Mnemósine.

Na estratégia da Arte da Armadilha, Mnemósine é o poder de interação entre o indivíduo que pratica a arte e o mundo em que ele vive.

Admitamos que o mundo no qual operamos seja composto de vinte fenômenos.

Cada um desses vinte fenômenos está ligado a cada um dos vinte. Cada um dos vinte fenômenos tem uma estratégia de desenvolvimento e cada vez que executa uma ação, esta vem a interferir nas estratégias de cada um dos vinte fenômenos, ao qual está ligado. Quem executa uma estratégia DEVE ter presente os efeitos que se produzirão sobre a sua estratégia, pelas variações da sua objetividade produzida pelas estratégias dos vinte fenômenos ao qual está ligado. O alcance de um Intento, não simples escolha do sujeito, mas é a capacidade do sujeito de fazer convergir no seu projeto estratégico as estratégias que outros sujeitos, aos quais está ligado, estão executando.

Disto já falamos. O que não falamos, em relação a isto, é a diferença substancial que existe entre a construção do conhecimento dentro da razão, e a formação do conhecimento através da intuição relativa à percepção do mundo como ação e vontade.

Enquanto a razão procede colocando ordem entre os vinte fenômenos, numerando-os e construindo uma ordem hierárquica (da mais importante à menos importante), a intuição os percebe e os considera todos, simultaneamente, fazendo com que o indivíduo se torne consciente não da presença estática deles, mas das ações e dos efeitos que estes fenômenos manifestam no existir estratégico deles.

A razão percebe a existência dos vinte elementos, elencando-os ( salvo se viver inconscientemente, o na ilusão, quando algum destes não vem a ser compreendido pela sua descrição), a intuição percebe suas ações e as interferências daquelas ações com o sujeito.

Tornar-se parte integrante com o mundo significa intuir aquilo que o mundo é, vivendo e respirando o mundo, eliminando as barreiras entre nós e o mundo. Não fazer como os cristãos que, através da ilusão, separam a intuição deles das ações do mundo, e acabam por se submeterem à providência.

Se coloco em ação uma estratégia de armadilha, para melhorar a situação no trabalho, devo estar dentro do mundo do trabalho. Se eu não estiver, a estratégia consistirá no introduzir-se nesse mundo.

Se faço uma estratégia de armadilha para melhorar os meus investimentos financeiros, devo estar dentro do mundo das finanças.

Se eu faço uma estratégia de armadilha para sair de um assédio (mobbing) devo estar dentro do mundo do trabalho (que neste caso é aonde o "mobbing" é praticado.

Se eu faço uma estratégia de armadilha dentro do mundo do Ser Natureza, devo estar dentro do Ser Natureza.

*PORTANTO*:

tornar-se parte integrante do mundo significa viver empaticamente, e elaborar as ações imediatamente, através das intuições; ou seja, no âmbito e nos efeitos das ações aonde elas nascem, aonde os atores do mundo no qual agimos, também agem.

8) Subtrair-se da atenção do mundo, quando este faz de você um objeto da atenção dele, para que você seja a presa.

Para se subtrair de ser uma caça, é necessário tramar uma armadilha, com a finalidade de definir-se: por quê da atenção do mundo? O que quer? por quê o quer?

Este aspecto já foi tratado, mesmo se não diretamente, quando havíamos falado de:

1) Determinação;

2) Perguntar-se o por quê das coisas;

3) Contemplação

4) Chamar as coisas com o verdadeiro nome delas.

Existem dois motivos pelos quais deve-se subtrair-se da atenção do mundo. Quando tentarem transformar você em caça, ou quando os objetos do mundo definem a atividade de predar, fazendo tornar-se antieconômica a própria operação.

1) Quando se é caçado, deve-se agir com aquilo que se pode fazer para se subtrair (com os instrumentos que foram construídos anteriormente!);

2) Quando se pratica a arte da armadilha, nunca se trabalha sobre uma estratégia singular, ou por um simples objetivo, exprimindo um intento singular, que a ação da armadilha deveria atingir, mas dado um intento geral, se desenvolvem tantas estratégias quantos são os momentos e as necessidades que se exprimem em uma jornada.

Na prática não existe uma estratégia de ação singular, mas muitas:

---Algumas em preparação

---Algumas em fermentação

---Algumas em pausa

---Algumas vindo a ser

---Algumas que desejaríamos fazer

Portanto, quando nossa ação de armadilha vem individuada não se faz outra coisa do que desviar a atenção (a própria atenção ou a de quem nos individuou, segundo os fins que prefixamos), os interesses e a energia sobre outras operações.

Quando fazemos algum projeto, este deve ser sempre do tipo que: esteja sempre aberto a muitas soluções. A resolução (da oposição que se apresenta) indicada como sendo a finalidade do nosso projeto deve resultar para nós vantajosa, mesmo no caso dos objetivos pelos quais fizemos o projeto, se modifiquem no desenvolver-se da obra.

Um projeto, que responda a qualquer necessidade, seja de qualquer como se aja, seja no Ser Natureza, no Sistema Social, seja nos mundos da percepção, DEVE ter como elemento central O RESGUARDO DO CAÇADOR. O caçador (somos nós mesmos) é o artesão do projeto; e esse projeto vive porque nós o colocamos para existir. Se no centro do projeto não há a nossa salvaguarda psico-física-emocional, e a tensão de desenvolvimento de nós mesmos, um projeto não tem razão de existir.

Em outras palavras:

Mesmo se na nossa existência fossemos derrotados um milhão de vezes, enquanto não alcançarmos o objetivo que prefixamos, somos sempre os vencedores na medida em que conseguimos juntar as nossas forças para continuarmos a projetar as nossas ações de armadilha, na vida quotidiana.

Nas ações, antes de qualquer coisa, protejam-se vocês mesmos; porque vocês se protegendo, projetarão a capacidade que vocês tem em projetar, para construir o futuro de vocês.

A derrota existirá somente se não tivermos nos protegido, a nós mesmos, e alguém nos "convence" de sermos impotentes, transformando-nos dessa forma, em objetos de posse e necessitados de ajuda de uma providência: é o que fazem os monoteístas e os cristãos particularmente.

9) Quando se constroem as condições para agir, em uma situação de armadilha, é porque com a ação, evocamos os Deuses no mundo: as condições são os Deuses.

As condições que criamos devem se tornar independentes no agir deles (devem construir as verdadeiras e próprias estratégias subjetivas). As estratégias deles devem construir o momento em que o objeto ao qual eu tramava uma armadilha satisfaça as condições pelas quais eu agi.

Não sou eu que ajo sobre o objeto, mas crio as condições que agirão obrigando o objeto a se modificar como resposta aos fenômenos que dessas condições se geram.

Quando construímos as condições para levar ao fim uma estratégia de armadilha, nós, na realidade, não somos espertalhões, não somos hábeis, não fazemos de "idiota" a "presa", mas impressionamos o mundo, acordamos os DEUSES dentro de nós, chamamos os DEUSES do mundo porque nos apoiam. Ao serem construídas as condições, nos forçamos a nós mesmos e alimentamos a nossa INTUIÇÃO profunda, em função de um objetivo que prefixamos. Ao exercitarmos a nossa vontade construímos o DEUS que cresce dentro de nós.

Quando construímos uma estratégia, já respondemos à nossa necessidade, já desenvolvemos a necessidade de fazê-la, manifestamos no mundo a necessidade de fazê-la: em outras palavras, JÁ INICIAMOS A NOS PREDISPORMOS, NÓS MESMOS, EM FUNÇÃO DAQUILO QUE NOS PREPAREMOS PARA FAZERMOS!

Quando nós construímos a nossa estratégia, esta já respondeu às vozes dos DEUSES, e os DEUSES já responderam àquilo que manifestamos como exigência. A voz dos DEUSES fala alimentando a intuição dentro da necessidade que nós manifestamos, e é escutada por nós através do INTENTO que alimenta aquilo que fazemos como manifestação daquilo que desejaríamos fazer (nem sempre aquilo que fazemos é aquilo que desejaríamos fazer, mas aquilo que desejaríamos fazer manifesta o nosso Intento, aquilo que fazemos chama a Intuição para ficar ao seu lado!) O nosso Intento recebe a mensagem, a nossa autodisciplina o acolhe, limpa-o novamente do esterco da submissão, educacionalmente imposta, ou da arrogância da razão e o insere na ação que colocamos em execução.

Em uma situação de armadilha, não existem situações pietistas. O pietismo pode ser usado para impedir, a quem constrói situações de armadilha, de atingir os objetivos próprios: transformá-lo de predador em caça (arma usada pelo cristianismo e pela propaganda televisiva). O sujeito (ou a situação) que sofre uma ação de armadilha se encontra na situação de sofrer essa ação; colocou em execução as estratégias para as quais se tornou sujeito da armadilha. A caça é tal porque as condições fizeram-na caça. A velhice torna os animais herbívoros em caças, inclusive fáceis, dos animais predadores. Mas são as condições de velhice que favorecem o tornarem-se caças para o predadores. Por toda a vida os predadores provaram, mas não conseguiram; portanto, as condições de velhice favorecem os predadores (este exemplo vale para um milhão de outras situações, também de ordem psíquico-emocional.

O sujeito que sofre a armadilha responde a três situações:

1) Nada lhe interessa da armadilha que lhe é levada;

2) Reputa que nada que acontece, nenhuma modificação, possa lhe causar dano;

3) Não tem conhecimento que vocês estejam vivendo por desfio.

Em todos os três casos, no que diz respeito ao objeto ao qual foi levada a armadilha de vocês, consiste em levar a cabo essa armadilha que prepararam.

Atenção para não se desviarem dos fins: somente quando é inserido no mundo da razão e na estrutura de domínio, e de apropriação, que a armadilha é destrutiva.

As ações da armadilha têm o escopo de remover os obstáculos que se encontram no caminho de desenvolvimento do caçador. Quando se torna obstáculo no desenvolvimento do seu Conhecimento, da sua Consciência, do seu Saber, da satisfação das suas necessidades, no relaxamento das suas tensões.

O objeto para o qual tende a armadilha, entra em dificuldade aos poucos que a estratégia do caçador amadurece, satisfazendo, assim, a necessidade para a qual foi organizada. A dificuldade, do objeto da armadilha, é demonstrada através da impossibilidade dele em continuar a administrar a situação como antes de sofrer a armadilha: o sujeito que sofre a armadilha DEVE responder às solicitações das modificações da sua objetividade em execução por quem construiu a armadilha.

Giunone vem a ser convidada a abandonar Veio e a entrar em Roma. Veio se tornou uma cidade caça de armadilha, e renunciou em construir ao seu próprio futuro. Giunone abandona a caça e se transfere à Roma.

O caçador obteve dois resultados:

1) Manipulou e modificou a si mesmo, durante o processo de organização da ação da armadilha;

2) Tendo alcançado o objetivo com suas próprias forças, atinge o conhecimento da sua capacidade própria de ação no mundo em que vive;

10) O Ataque final ou a solução da dificuldade

A solução da dificuldade deve chegar sozinha, quase como inelutável, conforme colocamos em execução as coisas, por como chamamos os DEUSES, pela forma como manifestamos o nosso Intento.

Quem pratica a Arte da Armadilha, NÃO deve nunca forçar a solução.

A solução responde a três condições sacras:

1) A transformação do indivíduo na formação da sua estratégia e nas adaptações subjetivas às variáveis, que teve de introduzir para continuar com a sua atividade na objetividade;

2) O acúmulo de tensão na objetividade. Tensões que obedecendo à lei geral da orgonomia Reichiana devem se resolverem mediante a descarga e o relaxamento que fixa o novo grau de atenção no sujeito e as novas condições obtidas na objetividade;

3) A transformação e a modificação do Intento com a nova necessidade de expressão da vontade subjetiva - Novas necessidades subjetivas para organizar novas estratégias de armadilha, para novos e ulteriores resultados.

Para compreender o significado relativo à solução da estratégia da Armadilha, que DEVE manifestar-se por si só, e pelas suas exigências (que nós induzimos com a nossa estratégia), vamos dar um exemplo prático:

Admitamos que o objeto da Armadilha seja uma garota ou um garoto, que vocês gostem (eu falo por mim, os indivíduos femininos traduzem nas sensações deles).

Nós colocamos em ação a nossa estratégia da Armadilha:

1) Conhecemo-nos, a nós próprios, e as nossas possibilidades;

2) Conhecemos as motivações que nos incitam a fazer a corte a uma garota (ou a um rapaz);

3) Conhecemos o âmbito social aonde fazemos a corte;

4) Estamos conscientes dos nossos desejos;

5) Individuamos a jovem (ou o jovem) que gostamos;

6) Observamos quais os seus desejos e as suas predileções;

7) Escondemos (ou limitamos) os nossos defeitos e as nossas faltas;

8) Quando a pessoa nos observava, nos escondemos com pouco de vergonha ou expusemos o nosso lado melhor;

9) Esperamos o momento oportuno da sua disponibilidade;

Vamos nos servir do que ainda:

O último elemento da nossa ação de armadilha. Na Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone) nos Quatro Cantos do Mundo, soaria assim: "O Tigre destrói o objeto satisfazendo a sua necessidade, e relaxando a sua tensão . Alimenta o Intento da sua transformação". Se assim fosse, equivaleria ao fato de que depois de termos trabalhado tanto, construindo uma estratégia de Armadilha, com relação à jovem ou ao jovem, saltaríamos em cima deles e a (ou o) violentaríamos. Certamente que não.

Qual é o nosso escopo?

Nós queremos que, depois de tudo aquilo quer fizemos, a jovem ou o jovem se ofereçam a nós, manifestando por nós o amor ou a paixão deles. Em outras palavras, imitamos os DEUSES, que exatamente para percorrerem o caminho deles, impulsionados pela necessidade, construíram as condições afim de que outros Seres possam se construir e tornarem-se DEUSES.

Na prática, fazemos de modo que o ataque final, a solução daquilo que enfrentamos, se manifeste por si só.

Como consequência lógica dos eventos, que colocamos em ação, adaptando a nossa estratégia a uma objetividade que agia em relação a nós, de modo estratégico, complexo e finalizado.

Conclusão:

Nesse debate (transcrito anteriormente) expusemos os elementos esquemáticos que compõem a Arte da Armadilha.

No próximo debate veremos como esses elementos são aplicados.

Seria melhor para quem assistiu ao debate, usasse a técnica que descrevemos no debate sobre a Meditação, para analisar, pensar e reviver, inclusive em nível emocional, situações em que os elementos da Arte da Armadilha se manifestaram na nossa vida.

No entanto

Não quando fizemos armadilhas a outros e conseguimos chegar a um resultado qualquer; mas quando os outros fizeram a nós transformando-nos em caça. Recordemos onde caímos e porque.

É importante que as pessoas estejam conscientes de que são sujeitos caçados. Esse conhecimento deve obrigar as pessoas a procurar os elementos através dos quais são caçadas, o intento da caça. Aprender a entender os fins pelos quais alguém quer nos transformar em presa através do CHAMAR AS COISAS COM O VERDADEIRO NOME DELAS.

Exatamente partindo desse conhecimento, podem ser construídas as estratégias próprias de adaptação, aplicando os elementos próprias da Arte da Armadilha.

Não vivam com o sentimento de onipotência e dominação. Quando vocês se sentirem potentes, dominadores, donos do mundo, será quando estarão prontos para serem as vítimas designadas para as armadilhas: vítimas perfeitas para muitas armadilhas!

Não se trata (atenção) da humildade cristã, que consiste em obrigar as pessoas a aceitarem e a exaltarem o próprio papel de vítimas e de caças, santificando esse papel.

Trata-se da humildade do Poder de Ser. Trata-se da consciência de se estar imerso numa imensidão. Trata-se do Poder de Ser do Pagão Politeísta, que reconhece a si mesmo, reconhece as suas forças próprias, e as próprias fraquezas, com relação à imensidão aonde esta imerso, e protegendo a si mesmo, se apressa em agir nessa imensidão através da Arte da Armadilha.

Lembrete: Alguns dos frequentadores dos debates, já estão praticando (conforme vimos anteriormente é a humildade do Poder de Ser - não a cristã, bem entendido), alguns com maior conhecimento, outros quase que instintivamente. Vocês se lembram como vocês eram antes que estes debates se iniciassem?

 

Arte da armadilha - Segunda Parte

Da razão à intuição

- Os elementos que compõem A ARTE DA ARMADILHA são DEUSES, que, para quem vive por desafio, evoca ao praticá-la com a finalidade de transformar a si mesmo! -

Há uma divindade antiga, tão antiga e tão presente, que não é mais evocada . E que é a base de cada coisa existente e que o Aprendiz a Stregone, que deseja viver por desafio, sobre essa divindade deve lançar a âncora das suas certezas, afim de que a imaginação, tomando as rédeas sobre as tensões que o atravessam, não o desperdice.

Esse divino é NECESSIDADE ou ANANKE!

Eu manifesto esse divino com: A MINHA NECESSIDADE!

Lembro-lhes que Necessidade ou Ananke é entendida de dois modos: como força que me impulsiona a me dilatar no quotidiano, e como limitação da minha capacidade de desenvolvimento e ação na objetividade em que vivo.

Hillman escreve sobre Ananke e Atena:

"Devemos, antes de mais nada, reconhecer o posto central que a deusa Ananke tem ocupado na imaginação dos criadores de cosmologias, Para Parmênides, Ananke governa o Ser; o mesmo vale para os atomistas, mesmo sendo de maneira diversa. No pensamento, assim chamado de Pitagórico e Órfico, Ananke era unida à uma grande serpente, Chronos, formando um tipo de espiral apertava tudo ao redor do universo. Tempo e Necessidade impõem um limite à todas as nossas necessidades de expansão no externo, ao nosso raio de ação no mundo. Juntos formam uma sizígia, um casal arquétipo, cujo nexo é intrínseco, de modo que onde está um está a outra. Quando somos perseguidos pela necessidade, Nós esperamos essa coerção em termos temporais; são exemplos os distúrbios crônicos, as repetidas apresentações dos mesmos complexos que nos encerram novamente e nos impedem, a angustia para a brevidade da nossa jornada, para os deveres quotidianos, para os prazos. Ser livre do tempo é ser livre da necessidade!"

Hillman, portanto, acentua acerca da necessidade imposta do externo, que obrigando o indivíduo a responder, o obriga a ser prisioneiro no seu tempo de vida. Por outro lado, Necessidade se torna a divindade Ananke quando incitando dentro de nós, nos obriga a agir na mutação (no tempo) para satisfazê-la. A concepção de Necessidade é diversa: quem aprisiona é a Necessidade imposta externamente; o liberta é a Necessidade que manifestamos nós!

Necessidade nos incita a agir: mas a ela não interessa por que coisa ou como agimos!

O desejo que manifestamos é incitado pela nossa Necessidade e pede satisfação nos confrontos de um Intento!

A nossa Vontade dirige a ação para a satisfação, discriminando entre as escolhas possíveis.

A nossa Vontade liga o nosso Intento expresso com o Intento universal: liga o nosso Eros com o Eros universal!

Se manifesto três divindades que se manifestam no meu viver para o desafio.

Quando nos tornamos conscientes que dentro de nós se fundem e se manifestam estas três divindades, podemos construir a nossa estratégia de existência, a nossa Arte da Armadilha, no nosso viver para o desafio.

As três divindades são:

1) Necessidade;

2) Intento;

3) Eu, como sujeito.

Estas três divindades (Necessidade, Intento e Eu como sujeito) fundidas juntas manifestam as minhas ações com as quais me represento no mundo: EU SOU AQUILO QUE AS MINHAS AÇÕES MANIFESTAM! As minhas ações representam o meu modo de me manifestar e de representar os DEUSES, que dentro de mim se exprimem. Eu sou esses DEUSES!

As estratégias da Arte da Armadilha obedecem às exigências do viver para o desafio, e incidem sobre o sujeito que as colocam em execução, manipulando a cultura.

Disto podemos afirmar que:

O conhecimento de um indivíduo é a resultante de todas as oposições enfrentadas na sua vida, e pelo seu papel subjetivo que desempenhou no desenvolvimento dessas contradições e nas soluções delas.

Pelo lado contrário, podemos afirmar que:

O não conhecimento de um cristão nos confrontos da realidade do mundo, como um conjunto de sujeitos, é dado por súcubos e passividade (espera pela providência divina, aceitação do desenho divino, espera da intervenção milagrosa, etc.) com as quais vive as oposições da sua vida. E de modo particular, no plano do envolvimento emocional!

Viver as oposições como parte ativa e propositiva, significa manifestar, nas nossas ações, os três DEUSES de que falamos acima:

1) Necessidade;

2) Intento/

3) Nós mesmos.

Aquilo que interessa ao sujeito é a sua passagem do mundo da razão ao mundo da magia: da transformação!

Como se pode condicionar o mundo da magia com o mundo da razão? Ou o mundo da razão com o mundo da magia?

O que sempre colocou obstáculos no desenvolvimento da Stregoneria, no quotidiano, em todos os séculos passados, sempre foi: *o pensamento apriorístico*.

O que é o pensamento apriorístico? É aquela ideia, aquele pensamento, aquele raciocínio que colocamos na origem do nosso modo de agir, e da nossa busca, no nosso quotidiano.

Em outras palavras, parte-se sempre do pressuposto que a pessoa tivesse:

1) Um pensamento inato, ou congênito;

2) Capacidades pessoais inatas (ou dons pessoais por parte do "criador)

3) Pensamento espontâneo;

4) Ideias naturais;

5) Ideias apriorísticas.

Desejou-se confundir, arbitrariamente, a capacidade de um sujeito de discernir entre um principal e um secundário, partindo da necessidade contingente e imediata expressa pelas tensões próprias e desejos próprios entre os fenômenos que lhe vinham apresentados, com a generalidade e a sistematicidade com as quais os mesmos fenômenos se apresentam ao neonato, e dele se requer as mesmas respostas.

Traduzimos, linhas anteriores, que o desenvolvimento da Stregoneria, entre os Seres Humanos, sempre foi travado devido ao *pensamento apriorístico*.

Continuando com os esclarecimentos do Autor do Livro, CLAUDIO SIMEONI :

Essa confusão (sobre o pensamento a priori), desejada e imposta pelo monoteísmo, propositadamente, para organizar a sua capacidade de controle sobre as pessoas, acabou por ser subjetivada e feita como própria (isto é natural) em toda e qualquer orientação social e filosófica, compreendo inclusive a Stregoneria; fazendo-se as pessoas acreditarem que a diversa capacidade para se ler e se interpretar, o mundo, fosse um dom inato, isto é já nascido com o indivíduo recém-nascido; ou um dom da pessoa, e não uma construção subjetiva diversa determinada por uma sequência de diversas relações entre a pessoas, o tipo dos fenômenos que as atingem e as suas peculiares escolhas de adaptação em paralelo a esses fenômenos.

Essa confusão levava o Aprendiz a Stregone a incentivar aquilo que ele tinha se tornado, ou tinha compreendido, ao invés de incentivar e buscar os elementos racionais sobre aquilo que ele tinha alcançado articulando-se no seu percurso de transformação. Promovendo a si mesmo, em vez de de promover o seu caminho que o havia levado àquilo que ele veio a ser; assim, o Aprendiz a Stregone incentivava uma verdade (melhor do que aquela que ele tinha encontrado), mas não desenvolvia os caminhos de Liberdade dentro da própria espécie: as centenas de fogueiras armadas aos hereges testemunham isto.

A todos os Aprendizes a Stregoni sempre foi tido como antipático dever reconhecer que também eles, como todos os outros Seres Humanos, foram objetos de armadilha logo que puseram o nariz fora da vagina da mãe.

Assim, o objeto que deveria ser caçado era o objeto constituído pela: *sensibilidade* deles, a *emotividade* deles e o *intuito* deles.

Para muitas pessoas resulta em uma bagunça pensar, como Seres Humanos adultos, que os autores principais desta ação de apropriação, pudesse partir dos próprios genitores, que desenvolviam o desejo de serem aprovados ao demonstrarem ao Sistema Social o quanto eles eram dignos de aplausos ao agirem assim com os filhos.

(Observação: a continuidade é do assunto transcrito anteriormente acerca do pensamento *a priori*)

Como agradecimento (de que os próprios genitores impõem, erroneamente, aos filhos aceitarem os pensamentos apriorísticos), o Sistema Social impunha aos filhos não apenas para não se liberarem da predação, mas também para amar os genitores, pois demonstraram serem ótimos predadores em relação aos filhos, porque a finalidade deles foi a de fazer com que os filhos possam servir ao Sistema Social no que diz respeito às *ideias inatas* ou *ideias naturais*, que o Sistema Social impôs a eles. Se tiverem qualquer dúvida a respeito disto, leiam a historieta dos evangelhos sobre o Retorno do Filho Pródigo, e compreenderão como o bezerro gordo é massacrado pelo pai para que ele celebre o seu triunfo próprio sobre o filho, que não esteve em condições para construir a sua independência.

Pode-se facilmente compreender, que partindo destes pressupostos, a história da Stregoneria sofre uma transformação: *reconhece que o Ser Humano é um produto do ambiente, que o obrigou a se adaptar*. Portanto, quando um indivíduo inicia um percurso de Stregoneria, já percorreu muitas estradas de adaptação subjetiva às variáveis que o Sistema Social lhe impôs.

Se o ambiente é condicionante no que tange ao vir- a- ser do Ser Humano, mediante a imposição de estratégias às quais obrigou o indivíduo a se adaptar, manipulando a sua *sensibilidade*, a sua *emotividade* e * a sua capacidade intuitiva*, as estratégias das armadilhas que o sujeito decide colocar como bases, vivendo para o desafio, estão em condições para remover a coerção (ou parte dela) em relação à sua *sensibilidade*, a sua *emotividade* e *a sua capacidade intuitiva*

Existe sempre um discurso para a idade: o que foi impresso na infância, pode-se colocar em ordem mais do que remover. Se o indivíduo foi educado a reagir aos fenômenos, se subtraindo (por exemplo, quando a mãe se punha a gritar) de gritos, ao invés de colocar-se a gritar, por sua vez, manterá a tendência de proceder da mesma maneira também em outros setores da vida, ou seja, não será mais passivo, pois colocará em ação as reações mesmo se, provavelmente, ouvir gritar lhe dará sempre aborrecimento.

Nós não estaremos mais em condições para removermos os hábitos de caráter que assimilamos na primeira infância, mas podemos fazer de modo que tais hábitos não sejam obstáculos a nós. A timidez, por exemplo, pode ser transformada em uma atitude de delicadeza, de aproximação com o mundo, que pode nos ser útil, ao invés da timidez geradora do Temor e do Pânico, que nos impedem de agirmos no mundo.

É como se a Stregoneria, ao indivíduo, se dirigisse e se fizesse ouvir: "Eu sou aquilo que sou, e exercito no mundo aquilo que sou, o poder que tenho!" E ao mesmo tempo, a ação do indivíduo se torna expressão da necessidade da ação subjetiva no mundo.

Achando isto inadequado, a Stregoneria prefere dizer: "As condições objetivas do mundo em que exerço o meu poder são inadequadas!" E, portanto, ainda, o indivíduo usa da sua ação para o seu Intento, em função do qual, exerce a sua própria ação subjetiva.

*O Intento como direção, na qual exercita a Necessidade, somando a eles a sua vontade subjetiva própria.*

Disto resultam as grandes estratégias da Stregoneria:

1) Mover o olhar (é a armadilha que o Infinito nos trama afim de que nos tornemos conscientes da sua presença, das suas subjetividades, e das suas capacidades de ação!)

2) Reconhecemos a nós mesmos, e desenvolvemos ações projetadas no mundo, para desenvolvermos a nossa percepção, a nossa emotividade, o nosso sentir, o nosso intuir, o nosso saber; em síntese, a nossa Consciência e a nossa Sabedoria. Como o fazemos? Empenhando-nos subjetivamente na oposições que encontramos; tentando resolve-las com os meios que possuímos; forçando as nossas emoções e as nossas tensões afim de que o todo o nosso ser se alinhe em função da solução da contradição. Comprimimos e dilatamos a nós mesmos em função da solução: isto é tomarmos nas nossas mãos a responsabilidade da própria vida. Os resultados destas ações, que são verdadeiras e exatas armadilhas, são as verdadeiras e precisas explosões de energia que nos amplia. Tensão-carga-descarga-relaxamento, que produz uma diferença de potencial entre aqulo que éramos quando obedecendo às tensões, havíamos iniciado a carregar a nós mesmos ( organizar a armadilha) e naquilo que nos tornamos uma vez que foi resolvida a contradição, e procedemos ao relaxamento das nossas tensões. Pelo que nos diz respeito, estas são explosões de energia dentro de nós que ampliam a nossa capacidade de nos relacionarmos com o mundo.

3) A verdadeira armadilha que preparamos é o transbordar da nossa transformação no mundo em que vivemos!

4) Tudo isto para preparar a grande armadilha para a grande senhora: a morte do corpo físico!

 

Mover o olhar

É o resultado da primeira estratégia aplicando-se a arte da armadilha. Ou alguém o faz a nós ou nós o fazemos a nós mesmos!

Move-se o olhar no momento em que se passa de uma condição de existência baseada na submissão e na dependência de alguma condição a uma outra condição, no momento em que reconhecemos as condições objetivas nas quais se desenvolve a nossa existência, e DECIDIMOS exercer a nossa liberdade própria, como adaptação subjetiva às variáveis objetivas, subjetivamente reconhecidas por nós.

Quando um indivíduo tenta fazer isto, o mundo em que vive tenta fazê-lo pagar por isso, tentando demonstrar que ele não pode fundar o seu futuro próprio. Coloca-lhe obstáculos e tenta fazê-lo voltar à situação psicológica de suplicante. Mover o olhar, atende a um ato de vontade, que deve ser suportado por ações que nos consentem impedir a quem queria nos submeter, de retomar o controle sobre nós. Por esse motivo, costumeiramente, mover o olhar não é um ato imediato, mas é o seguir escolhas sucessivas que quebram o estado psicológico e de relação que o indivíduo vive no presente um pouco de cada vez. Onde a cada rompimento, segue-se uma estabilização da situação em que o indivíduo vive.

Este ato de modificação nas relações entre nós e o mundo, relações essas que são subjetivamente impostas, em psicologia passa como sendo rebeldia, ou manifestações do crescimento com rejeição das convenções sociais.

Porém, enquanto na rebeldia tradicional há atos de revolta em momento casual ou em situação específica (que desaparecem com o crescimento do indivíduo), quando se cai em uma situação de armadilha que nos obriga a mover o olhar; há uma espécie de reexame da vida e das relações que temos com o mundo, iniciando-se um processo de transformação subjetiva, que para além das manifestações específicas (depende da pessoa, do que ela viveu, do seu modo de perceber e agir no mundo, etc.) não tem JAMAIS fim.

Se o que nos levou a Mover o Olhar foram uma série de ações ou uma série de sensações, ou uma série de alterações emocionais, mesmo que violentas, a decisão em mover o olhar não tem nada de violento, mas exprime a decisão subjetiva, potente, de nos assenhorearmos de instrumentos para enfrentar de um modo novo, a vida.

Como nunca nos tornamos caça de uma armadilha semelhante, tal como irmos à igreja obedientes e reverentes e com sentimento de submissão? Por quê ao invés de fluirmos como um rio tranquilo, quase estagnado, passamos à preferência de nos lançarmos de uma montanha como uma cascata impetuosa?

1) Alguém nos conhecia, conhecia a nossa maneira de ser, e as nossas possibilidades (o nosso modo de sentimento, o nosso intuir e a nossa emotividade, o que provocou a manifestação em nós dessa exigência de mover o olhar).

2) Os "objetos" do mundo sabiam discernir entre os "objetos" do mundo que estavam ao redor deles.

3) Os "objetos" do mundo respondiam à necessidade dos seus desejos próprios.

4) Os "objetos" do mundo escolhem e discriminam entre os sujeitos, individuando-os, entre quais os que estão mais predispostos a sofrerem a trapaça da armadilha deles, tudo em função dos seus próprios desejos.

5) Os "objetos" do mundo analisam o sujeito, que individuaram, para procederem de uma forma melhor, considerando o desenvolvimento do conjunto no qual esse "sujeito" (escolhido por eles) agirá.

6) Os "objetos" do mundo agem sincronizando as suas necessidades próprias e as suas expectativas próprias, com as necessidades e as expectativas do sujeito, sem deixarem que o sujeito perceba que ele está caindo numa armadilha, que o está transformando: é o sujeito que age, os "objetos" do mundo alimentam com energia a sua ação, cada vez que ele vai na direção desejada (por eles).

7) Os "objetos" do mundo agem praticando uma fusão de intentos entre quem teceu a armadilha, e quem está sofrendo essa armadilha.

8) Os "objetos" do mundo que preparam aquela armadilha (quando era constituída de um objeto externo) se subtraem, se esquivam, de se identificarem (se subtraem para não se tornarem objetos descritos) por parte da razão: quando na realidade, nós mesmos agimos, por nossa conta, para onde nós desejamos caminhar e chegar!

9) A nossa vontade é que fez as escolhas; as escolhas foram feitas nas condições exatas dentro daquilo que foi preparado para a armadilha contra nós. Os "objetos" do mundo construíram as condições às quais nós respondemos.

10) O ataque inelutável final chega por si mesmo, com as nossas escolhas, e neste caso, com o estar aqui no ciclo de competições, na Mistura do Stregone (Crogiolo dello Stregone).

O condicionamento educacional construiu para nós uma cilada para nos subjugar, desde quando nascemos. Deveriam, isto sim, ter-nos fornecido os instrumentos para que pudéssemos enfrentar melhor as nossas vidas, ao invés disto reprimiram as nossas emoções ao aviltamento e à dependência.

O mundo nos construiu uma emboscada quando começamos a crescer.

À essa armadilha respondemos fundindo os nossos intentos, por aquilo que somos, com o mundo,

Agora nada mais podemos fazer senão irmos em frente!

Para isto devemos reconhecer a importância de nós mesmos:

*a armadilha que o mundo construiu para nós, obriga-nos a movermos o olhar!*

É como para uma galinha nascida e criada em uma gaiola estreita, que depois vem a ser libertada, sendo ensinada a amar os grandes espaços, Não poderia mais voltar à gaiola, morreria.

Da mesma forma para nós!

Existe alguém que voltaria a se ajoelhar e suplicar ao deus patrão?

Todavia, cada um de nós foi adestrado desde criança a fazê-lo. Também aqueles entre nós que não estão completamente limpos, mantendo ainda alguma nostalgia, sabe que não mais voltarão ATRÁS!

*Pois é! Não existe o retorno ao útero!*

Neste ponto, continuamos a nos reconhecermos, a nós mesmos, como sujeitos que agem em mundo de sujeitos ao invés de nos consideramos sujeitos que dependem de um objeto externo (tipo o deus dominador todo-poderoso, a providência, dos 13 pontos na loteria, o milagre de Lurdes ou do Padre Pio, etc.)

 

Armadilha a nós mesmos. Nas práticas da armadilha em competições com o mundo.

Obrigaram-nos, ou nos obrigamos, a mover o olhar.

Se alguém parar um pouco para refletir, se conscientizará como houve um tempo em que algumas escolhas que fizemos para dar satisfação a alguém, que temíamos, ou de quem éramos dependentes (os genitores, por exemplo), e de outras escolhas que fizemos tomados pelo medo, por temor ou para "vivermos tranquilos": agora enfrentamos as situações da vida.

O.K. Não nos dirigimos à mamãe para dizer-lhe: "Sabe, mamãe, eu faço Stregoneria!"

Só que, se não a fazemos, não é porque nos "envergonhamos" ou porque queremos esconder algo de desonesto, mas porque quanto mais nos aprofundamos no que nos rodeia, mais entendemos quanto é complicado, e com frequência inútil, explicar, a quem vive rezando, a utilidade (e a necessidade) de viver para o desafio.

Por quê digo isto?

Porque agora se torna cada vez mais urgente a necessidade de agir no mundo. É quase uma obrigação. Se antes tudo o viesse do mundo aceitávamos; hoje, cada vez mais, começamos a nos dizer: "o que me convém?", "Como posso melhorar tudo o que chega a mim?", "Como posso criar uma situação afim de que tudo o que emerge do mundo me seja vantajoso?" Não é que não se sofre mais às solicitações vindas do mundo, mas sempre com maior força passa-se a agir, com o mundo e sobre ele. É o início do projetar ao invés de comprimir as nossas emoções, o que faz emergir as nossas intuições, que alargando os nossos espaços visíveis, faz entrar o Intento universal nas nossas ações: cada um partindo daquilo que lhe é predileto e conforme à sua própria situação subjetiva!

Em síntese: porque agora tornou-se imprescindível a necessidade de retomarmos o nosso crescimento; de nos construirmos.

A nossa emotividade e a nossa sensibilidade não servem apenas para registrarem as ofensas sofridas no nosso dia-a-dia, no quotidiano; mas vêm munidas com verdadeiros e próprios instrumentos com os quais podemos intervir nesse quotidiano. A estrutura emotiva nos permite intuir o mundo em que vivemos (escutar sem ouvir; enxergar sem ver), a nossa sensibilidade se torna o motor por meio do qual colocamos em execução a nossa ação sem passar pela razão (isso já acontece quando nos enamoramos por alguém, por quê pensar que não se deve enamorar-se também pelo mundo, pela vida, pelo dia-a-dia?).

Fundamentalmente, o Intento, na Antiga Religião Grega se chamava Eros!).

O mundo em que vivemos determina os limites do nosso agir (necessidade limitativa), mas os nossos sentimentos conduzem as nossas ações, em função do nosso prazer e do nosso bem-estar.

Armar a nossa percepção (a nossa capacidade para elaborar os fenômenos provenientes do mundo, seja quando entramos na descrição da razão seja quando percebidos mediante as nossas emoções!).

Armar o nosso modo de sentir (os nossos sentimentos se tornam guia das nossas ações).

Armar o nosso saber (não o conhecimento pelo conhecimento, mas o conhecimento em função daquilo que queremos fazer)

Armar-se para nos armarmos!

Isto produz a nossa sabedoria no nosso quotidiano.

Esse armar-nos em função de... leva-nos a derrotarmos todos aqueles instrumentos que nos foram impostos quando nos solicitavam para respondermos de um tal modo, e somente desse modo, às solicitações que vinham do mundo e nos atingiam: o condicionamento educacional que sofremos passivamente. Aquele que nos levava à submissão e à aceitação passiva, constrangendo-nos a julgarmos e a agirmos no mundo em função da conservação da nossa submissão.

*ATENÇÃO: em psicologia a ação do psicanalista seria aquela de tentar remover os bloqueios, as fobias e os traumas. Em Stregoneria, com traumas, fobias ou bloqueios psicológicos, com psicossomatismo ou sem psicossomatismo, seja como for, necessita-se munir-se para responder melhor às solicitações do mundo e para introduzir no mundo as nossas solicitações.

Quem já vivenciou relacionamentos no trabalho, conhece a frase: "Vai e conversa!"

Todavia, quantas vezes tentamos conversar, mas as nossas tentativas acabaram frustradas. Para ele, conversar era considerado como uma atitude de fraqueza. Falava-nos para zombar de nós. Para não enfrentar os problemas, para protelar a solução no tempo. Faltava a sintonia emocional entre o Intento expresso pelas palavras e o Intento expressado pela estrutura emotiva, pela sensibilidade, e pela intuição do nosso interlocutor. As palavras eram somente palavras. E tomávamos aquilo que dizia como sendo para o bem, por aquilo que nós desejávamos entender pelas palavras. Tomávamos como palavras boas, aquele engano!

O que nos forçava a aceitar aquelas palavras como sendo boas?

Era aquela estrutura, para a aceitação de uma realidade, que o condicionamento educacional nos impôs. O sentimento de dependência da "autoridade". A nossa ilusão de que não é a pessoa que torna nobre o seu desempenho, mas o desempenho que a pessoa se garante representa a garantia da pessoa.

Como nos foi imposto esse preconceito?

Mediante a ação de quem ao invés de nos fornecer instrumentos para vivermos, nos impôs modelos para serem imitados.

Como podemos removê-los?

Através da ação! Se uma pessoa não tem uma perna dizemos-lhe: "Seja como for, você deve caminhar! Caminhar reforça os músculos, use muleta, aprenda a usar o andador, mas você deve, de qualquer maneira se mover"

Mesmo se eu recebi um condicionamento educacional destrutivo, quando os objetos do mundo me armaram uma emboscada, com a finalidade de que a minha sensibilidade e o meu modo de sentir o mundo, estivesse de acordo como eles queriam, não posso mais voltar atrás! Consequentemente, devido a esses objetos, não posso externar os meus sentimentos, e ter as minhas emoções expostas livremente! Mesmo se não tenho pernas psíquicas adequadas, porque foram mutiladas pelo Condicionamento educacional destrutivo que tive (a minha parte inútil) devo de qualquer forma caminhar!

Devo começar a agir praticando a Arte da Armadilha: agindo sobre o mundo, sabendo o que devo discriminar no mundo, escolhendo, manifestando as tensões que surgem em mim no mundo dentro dos fenômenos, do mundo em si mesmo. Em outras palavras, manifestando a minha própria Auto Consciência; conhecimento do todo em que ajo; nous, inteligência, no agir!

Eu me organizo para agir nas confrontações dos objetos do mundo. A ação que coloco veementemente em execução no mundo, com a qual concretizo (em ação e substância) a minha emotividade e o meu intuir.

*Vocês se recordam o que dissemos no debate: Chamar as coisas com o verdadeiro nome?*

"A técnica que nos permite superar o fenômeno na representação que a nossa imaginação projeta sobre ele, é a experimentação. A manifestação do fenômeno nos nossos confrontos com a realidade, na objetividade quotidiana! "O leão esfomeado sacia a sua fome devorando-me!" Esta é a descrição de um fenômeno. Este fenômeno o chamarei com o seu verdadeiro nome apenas 'diante da boca de um leão esfomeado". Com o leão o exemplo é fácil; tentem usar o exemplo com o Chefe de um Pessoal em um escritório, ou de uma fábrica, que lhes seduz (lhes deslumbra, lhes tenta, lhes encanta, lhes bajula), porque tem necessidade de levar para casa um resultado de trabalho, e depois procura-lhes "os defeitos" (verdadeiros ou inventados) para poder justificar a sua execução da ordem que recebeu de reduzir o pessoal: é sempre a mesma boca de leão!" *

Desse modo, a nossa emotividade e o nosso intuir, virão a ser modificados uma vez que expostos: se se tiver manifestado ilusão nas confrontações dos fenômenos, receber-se-ão as desilusões; se tiverem sido chamados com o verdadeiro nome, então foram colocadas em ação as estratégias defensivas.

As nossas emoções constituem um instrumento "de guerra" e não se expõem ao juízo ou ao arbítrio de outros. Se expõem na ação. Dentro das nossas ações na objetividade através do nosso viver para o desafio, como prática da nossa vida: a prática da armadilha!

Eis que então, agora, não vamos mais falar (com o chefe de escritório, as instituições, ou coisas que o valham) como suplicantes, mas vamos falar dentro do projeto de uma ação onde o falar tende a colher dados com os quais agir.

O escopo é: satisfazer as nossas necessidades!

Onde:

*Intento equivale a satisfazer!*

*Necessidade equivale a desejos!*

*Nós mesmos equivale ao fulcro pelo qual nós agimos!*

*Manifestamos os três DEUSES dos quais falamos no início deste debate!*

Alguém pode objetar: mas eu tenho medo!

Não! Não é verdade, nenhuma das pessoas presentes tem, com efeito, medo. Ao invés disto, alguns no início não sabem de onde iniciar. Em vez de olhar a aventura do quotidiano deles, preferem imaginar aventuras em cenários exóticos. A imaginação quando se torna uma fuga da realidade, é uma justificação ao nosso não agir, ao invés de se tornar nutrição ao nosso pensamento abstrato.

Não se pode ter medo.

Por quê?

Porque sofreu-se uma armadilha por parte dos "objetos" do mundo. Pode-se ter temor em fazer algumas coisas que se desejariam fazer, sente-se que faltam dados e informações. Talvez tornaram-se temerosos por estarem cientes do imenso que nos circunda.

Vimos anteriormente que ao manifestarmos os três DEUSES:

Não se pode ter medo.

Não se há medo!

As forças que nos impelem a agir estão se liberando dentro de nós e *com frequência criam conflito interior!* Situação conflitual interior entre aquilo que queríamos fazer, e aquilo que podemos fazer dada a situação objetiva em que vivemos. Lin Piao dizia: "O campo deve circunscrever a cidade!"

E, talvez, deveríamos ter presente que quando as forças dentro de nós se liberam, começam à conquista do céu da nossa existência.

As forças que nos impelem a agir se liberam progressivamente dentro de nós, no entanto, a liberação delas ocorre como verdadeiras e exatas explosões de energia. Explosões que a nós lembram sofrimentos aceitos passivamente. A autodisciplina, o controle delas, vem depois, e é construído pelo indivíduo mediante um grande esforço de vontade. O indivíduo fala consigo mesmo: "Eu sei que devo agir, mas não sei por onde começar para não fazer muitos danos!" Ou então: "Não sei por qual parte iniciar!" Às vezes há o desejo de zerar tudo na nossa vida com um golpe só, e quando isto acontece deve intervir a nossa vontade, a nossa autodisciplina.

Não sei como praticar, aquilo que está emergindo de dentro de mim, no entanto tornei-me consciente que devo agir: devo aprender a arte da armadilha. Não posso mais voltar atrás.

Aquelas explosões de energia dentro de mim, modificaram-me naquilo que sou, e o que foi modificado requer de mim um novo modo de agir no mundo.

Os elementos da Arte da Armadilha já os elenquei e os ilustrei.

Dizemos que esta é a fase subjetiva da *LUCIDEZ!*

Manifestando a necessidade subjetiva de viver praticando a armadilha, vocês descobrirão que já a estão praticando. Os problemas são quase sempre criados pela razão, que se sente em perigo e compreende que o mundo não foi reduzido à sua descrição, mas estão se preparando a enfrentar o imenso aonde a razão não está em condições de chegar, ela deve se limitar a registrar e justificar as escolhas que lhe parecem absurdas.

A razão, com certeza, tenderá a impor ao indivíduo como agir: deste ou daquele modo; até mesmo lhe pede para ser coerente, mas a intuição impelirá a vontade da ação de vocês. As palavras do interlocutor de vocês são convincentes, mas alguma coisa, dentro de vocês, lhes impele para enxergarem mais claramente. A situação lhes parece tranquila, mas vocês se sentem nervosos, inquietos, etc, etc.

A intuição dentro de nós fará emergir desejos, e por meio das emoções coloca-os em sintonia com as emoções do mundo em que vivemos.

Quando dentro do indivíduo, surge a necessidade de praticar a armadilha, a razão é obrigada a justificar a ele diante do mundo, as razões, dos indivíduos, que vivem no mundo, e o fará de dois modos:

1) Dilatando-se a si mesma, procurando o saber e o conhecimento, para poder compreender o que está acontecendo, e para conseguir ter instrumentos através dos quais comunicar o que sucede com sucesso;

2) Fazendo dos estímulos da intuição como sendo seus, e removendo os bloqueios que ela colocou dentro do indivíduo, para proteger o seu domínio próprio das ameaças do novo, que da emotividade subjetiva emerge da consciência do sujeito, de quem ela queria ser a dona.

[*isto vem sendo sustentado desde o primeiro debate, porque é um conceito fundamental da Stregoneria*].

Lucidez como Poder de dilatação da Razão no Mundo!

Lucidez como sensação de crescimento da compreensão da realidade dentro de nós!

Há um problema na vida sentimental?

Pratique a arte da armadilha!

Há algum problema no seu cargo de trabalho?

Pratique a arte da armadilha!

Há problema na vida social?

Pratique a arte da armadilha!

Só que os problemas nas nossas vidas não são um, são milhões.

Pratique um milhão de artes da armadilha: cada ação sua será base para o agir do seu futuro.

Diante de muitas situações da vida, com frequência nos parece inútil cada ação que praticamos, ou qualquer determinação que manifestamos.

O ponto central da prática da arte da armadilha não é a ação em si que praticamos no mundo, e que acaba por se inserir em milhões de outras ações, mas é a *modificação* (grifei) de nós mesmos, em função do nosso agir. Portanto: APRENDER A TER PACIÊNCIA!

A PACIÊNCIA não é uma forma de aceitação e de um suportar passivamente um fato ou uma situação, mas é o reconhecimento subjetivo que não se tem os meios para conduzir as operações da armadilha, e de modificação de uma situação muito grande para nós. Podemos definir a PACIÊNCIA, como sendo a capacidade de um indivíduo de obrigar a ele mesmo a ignorar a armadilha em relação com aquilo que o oprime ( oprime as suas necessidades e as suas tensões), e em transferir a sua capacidade operativa sobre os meios através dos quais enfrentar a questão principal. Os meios ou os aspectos secundários da questão principal se tornam os objetos, com os quais ele prepara a armadilha, mesmo mantendo constante a sua atenção sobre o aspecto principal da questão que o oprime.

Como exemplo, digamos que não vou bater a cabeça contra uma parede poderosa que me impede o caminho, mas bato a cabeça contra algo atrás de mim aonde existe uma dinamite, que me permite derrubar essa parede que impede o meu caminho!

Se eu tivesse de parafrasear Mao Tsé Tung, na arte da guerra, deveria dizer: "Estrategicamente, o inimigo é em número de 10 contra um de nós; porém agiremos, taticamente, de modo a sermos em número de 10 contra um só inimigo!" Ou, se preferirem, leiam a batalha dos Orazi e dos Curiazi!

A paciência se manifesta em paralelo com o Intento, se manifesta mediante ações de armadilha, que o indivíduo organiza paralelamente com os meios, que se tornam os objetos a serem transformados.

*Esta é a LUCIDEZ! A LUCIDEZ leva à percepção dos DEUSES e o agir deles! A LUCIDEZ nos leva a sincronizar a nossa ação com a ação dos DEUSES!

A LUCIDEZ nos torna conscientes de que somos os DEUSES!

Neste ponto surge uma outra necessidade, para a qual usar a arte da armadilha, e está ligada ao fato de que somos seres pertencentes à nossa espécie, e somos filhos do nosso tempo e da nossa cultura: * cada indivíduo, em particular, resolve do seu modo a sua relação com o mundo em que vive!*

*Trata-se, em substância, de transferir para o mundo o Poder Pessoal próprio, que é a única condição para poder aumentá-lo e preparar-se para a última armadilha. TRANSFORMAR A MORTE DO CORPO FÍSICO EM NASCIMENTO DO CORPO LUMINOSO, como está no intento da nossa ação.

 

Transferir-se, a si mesmo, no mundo.

- Nasce o corpo luminoso e a intuição se impõe sobre a razão!-

Transferir para o mundo a nossa nova subjetividade, que manipulamos, é a terceira fase da arte da armadilha: no mundo apresentamos o nosso modo de ser que produzimos manipulando a nós mesmos; e cada vez que nos apresentamos, manipulamos a nós mesmos e, assim, o nosso novo modo de ser apresentamos ao mundo.

Ao fazê-lo, preparamos armadilhas contínuas às formas do mundo oscilando no tempo. Quando a intuição surge em nós, colocamos em execução ações em relação ao que há agora, mas a nossa armadilha verdadeira é feita em relação àquilo que não há, mas está germinando.

Nós preparamos uma armadilha ao que ainda deve se manifestar.

Quando o corpo luminoso se apresenta, e manifesta as suas intuições à razão, nós: executamos armadilhas antes que o objeto ao qual preparamos a armadilha se manifeste no mundo da razão, ou no mundo quotidiano!

Isto não se pode fazer com a razão, porque esta se articula dentro da sua própria descrição; pode-se fazer somente com a intuição que se manifesta nas nossas emoções em harmonia com as emoções do mundo em que vivemos. Pode-se fazer somente quando a razão se cala!

Em Stregoneria este modo de agir se chama PODER!

Porém, não saiam contando por aí, porque dirão que vocês são loucos, porque lhes pedirão uma explicação com palavras, quando na realidade isto se manifesta somente mediante ações!

Neste caso, nos serve uma forte dose de autodisciplina, para impedir a nossa imaginação de fechar na ilusão as nossas ações: quem não tem autodisciplina paga um preço muito pesado.

Aquilo que surge no indivíduo vem a ser chamado, frequentemente, de SABEDORIA!

Um mundo que contém indivíduos que agem, através da intuição, DEVERÁ PENSÁ-LOS!

Quando os terá pensado, o mundo não será mais aquele de antes: seja o mundo do Ser Natureza, como o mundo social dos Seres Humanos.

Variará a objetividade na qual crescerão os novos nascidos: e será o presente ao mundo, por quem pratica Stregoneria!

O PRESENTE DOS DEUSES PARA QUE AS PESSOAS PRATIQUEM STREGONERIA!

 

Recapitulando

A Armadilha conduzida pelos DEUSES do mundo ao Ser Humano individualmente, conduz o Ser Humano a superar o MEDO, nas confrontações das relações com o mundo.

O que é o MEDO?

É aquilo que impede o Ser Humano de assimilar os fenômenos do mundo, de fazê-los próprios, e de fazê-los participar do seu juízo próprio, ao pensamento próprio e à ação própria.

Superar o MEDO conduz à LUCIDEZ!

O que é a LUCIDEZ?

É a capacidade do Ser Humano para receber os fenômenos provenientes do mundo, transferi-los ao seu juízo próprio, no pensamento próprio e na ação própria.

Exercitar a LUCIDEZ própria conduz ao desenvolvimento do PODER próprio, e da necessidade de exercitá-lo.

O que é o PODER?

O PODER, que em Stregoneria é chamado de PODER DE SER, é a capacidade de um sujeito para transferir o seu preparo subjetivo próprio ao mundo em que vive, alinhando a sua emoção e a sua intuição com as transformações do mundo em si.

 

As três armadilhas

1) A armadilha dos DEUSES ao indivíduo (elimina o medo do agir subjetivo!);

2) A armadilha do indivíduo a ele mesmo (faz crescer a lucidez na existência);

3) A armadilha do indivíduo ao mundo em que age (manifestação do seu Poder de Ser)

A ÚLTIMA ARMADILHA CHEGA SOZINHA!

Tramar a armadilha à velhice e à morte do corpo físico: O DESAFIO DA RAZÃO!

A última forma da armadilha na nossa existência chega por si, falar acerca dela ou não falar é absolutamente indiferente: chega porque vivemos com paixão!

Portanto, é mais importante falar do viver com paixão, do que do não falar do resultado que conduzirá a viver com paixão: EM CADA CASO TEREMOS VIVIDO COMO HERÓIS!

Marghera, 12.12.2004

 

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

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Feltrinelli

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Cod. ISBN 9788891170897

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

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