Escutar o mundo ao nosso redor

A vida no ser natureza - Debate número 7

A filosofia do tornando-se da Religião Pagã

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Filosofia Pagã

Índice:

--- Escutar o mundo ao nosso redor

--- As ideias obsessivas que impede de escutar o mundo ao nosso redor

--- Como são superadas as obsessões?

--- Como se pratica o Escutar o mundo do Sistema Social

--- No mundo do Ser Natureza

--- Algumas representações da Magia no escutar o mundo ao nosso redor

 

 

Escutar o mundo ao nosso redor

-O indivíduo aprende a reconhecer a ação do mundo em suas competições-

O escopo deste debate 7 é o de preparar-se para captar os sinais vindos do mundo que chegam até nós; sinais que estimulam a nossa intuição tendo em função os Intentos que os objetos do mundo nos envia, como a Mistura dos Deuses (Crogiolo di DEI). Sempre nos adaptamos aos sinais vindos do mundo, mas Ouvir o mundo ao nosso redor, nos permite aprofundar e aumentar a quantidade das mensagens, discrimina-las com base em nosso Intento.

Para compreender a importância mágica da captação dos sinais do mundo, cito Hillman : "O Sonho e o Mundo Inferior":

"Uma coisa muito semelhante e em um contexto análogo, disse Heráclito (fr.93/4!): 'O Senhor, a quem pertence o oráculo que está em Delfos, não diz, nem esconde, mas assinala.'

"Esta frase", comenta Marcovich "é em um certo sentido, uma imagem (uma metáfora) que se poderia parafrasear no seguinte modo: 'Assim como Apolo nada diz explicitamente nem esconde tudo, mas indica uma parte da verdade, do mesmo modo o Logos interno às coisas, não é nem inacessível ao intelecto humano, nem evidente em si, mas requer um esforço intelectivo por parte do homem', isto é a intuição, ou a faculdade de interpretar corretamente os sinais enviados pelo Logos."

Lembrem-se que estamos falando do MUNDO DO SER NATUREZA.

Depois de ter falado do indivíduo, do mundo como vontade, da necessidade de parar com o diálogo interno com a finalidade de retornar à Natureza, e depois de termos desviado a nossa atenção sobre os objetos do mundo, reconhecendo-os, mediante a Contemplação, ter colocado ordem na razão mediante a Meditação, e de termos levado a atenção dentro de nós escutando às Correntes Vegetativas, devo estabelecer qual a exata colocação que tenho no Ser Natureza.

Com os seis debates precedentes, retornamos ao Ser Natureza, reconhecendo-nos parte dela, e agora devo me perguntar: qual é o meu lugar no Ser Natureza?

Qual é o exato lugar que tem a espécie a qual pertenço no Ser Natureza?

Qual o exato lugar que tem o Ser Natureza sobre o planeta?

As respostas para mim mesmo eu forneço; formulo-as através da razão, mas os fenômenos através dos quais formulo as respostas, provêm do mundo externo.

Repito ainda: PROVÊM DO MUNDO EXTERNO!

Cada juízo que eu formulo, nada mais é senão interpretação (intendida como adaptação) subjetiva de fenômenos do mundo que chegam a mim.

Algumas elaborações (especialmente na idade infantil, e de qualquer forma quando me arrastam as emoções) se fixam tão profundamente de virem a se tornar, de ser consideradas, as ideias inatas ou as ideias a priori.

Estas" ideias a priori", se fixam nas pessoas bloqueando o perceber delas, o intuir, as suas emoções, a tal ponto que os fenômenos que chegam do mundo ao redor, vêm tomados em consideração apenas se estão em sintonia com estas "ideias a priori".

Quando os fenômenos não coincidem com essas ideias a priori, são ignorados ou se nega a existência deles, inclusive com contraposição violenta. Somente quando um fenômeno se apresenta de maneira suficientemente violenta ao ponto de superar a barreira das "ideias a priori", é que é capaz de arrastar um indivíduo emocionando-o pode ser captado.

Fala-se, nesse caso da emoção da iluminação.

Vimos que: haviam momentos, na nossa existência, em que Ouvíamos o Mundo ao nosso redor. Éramos influenciados pelos fenômenos do mundo, e a eles respondíamos. Essa escuta construiu as ideias, os conceitos, as convicções, que ocuparam cada ângulo da nossa capacidade de julgar, isto é de ter um juízo, uma avaliação desses fenômenos sofridos; o que terminou bloqueando a vinda dos fenômenos que não estivesse em sintonia com esse exército de fenômenos, que haviam ocupado a nossa mente.

Os fenômenos que nos chegam e as avaliações, que formulamos em relação a eles, impedem a formulação de novos e diversos juízos sobre novos fenômenos ou aspectos diversos deles, com o fim de impedir o nascimento, dentro de nós, de novas idéias.

Quando Ouvíamos o Mundo ao Nosso Redor, não tínhamos ideias (éramos Seres que tinham saído a pouco da vagina da nossa mãe), mas possuíamos todo aquele extrato emotivo e ideal que tínhamos construído na barriga de nossa mãe, que de qualquer modo vivia no mundo respondendo aos fenômenos por sua vez. Na prática, tínhamos as ideias, e um aparato emocional iniciado, porém não sabíamos o que pudessem ser aquelas ideias, e como o nosso aparato emocional teria sido solicitado pelos objetos do mundo em que nasceríamos.

Olhávamos o mundo com estupor.

Aquele estupor se transformou em descrição.

Aquela descrição se fixou ocupando todo o espaço do nosso pensamento, para impedir a chegada de novos fenômenos e de novos estupores.

Paramos de escutar o mundo ao nosso redor, bloqueando a nossa estupefação através da nossa descrição do mundo, que projetamos como interpretação a priori dele.

 

As ideias obsessivas que impede de escutar o mundo ao nosso redor

Já foi dito como a criança crescendo especializa o seu cérebro ou a transmissão sináptica: como resposta de adaptação aos estímulos ambientais.

A excessiva especialização e definição obtida por meio de um condicionamento educacional rígido, trunca na criança as conexões entre o córtex cerebral (controle, juízo) e a parte mais antiga do cérebro (cérebro emocional).

Na prática a tendência é a de interromper (em especial quando se trata de um adolescente) a capacidade em apreender o aspecto emocional dos fenômenos ( a percepção e a intuição de modo geral), para substituir essa capacidade com o entendimento lógico circunscrito na razão.

O bloqueio se fixa fazendo surgir o que vem a ser definido em psicologia como: DISTÚRBIOS OBSESSIVOS COMPULSIVOS.

As chamadas ideias obsessivas.

Destas ideias obsessivas vamos fazer um breve elenco:

(esquema publicado pelo Jornal "La Repubblica")

Obsessão de Contaminação:

1) Medo da sujeira e das bactérias;

2) Medo de adoecer ou de ser contaminado;

3) Medo de contaminar os outros.

Obsessão de Simetria e de Ordem:

1) Dúvidas obsessivas de como executar alguma coisa, ou aonde por passar para ir a um determinado lugar;

2) Necessidade de recordar continuamente um frase, poesia, canção, etc., imagens, sons, música, palavras que vêm à mente e não vão embora.

Obsessões Sexuais e Religiosas:

1) Obsessão acompanha de medo por ter impulsos sexuais proibidos, perversos ou violentos;

2) Obsessão carreada por medo de ter impulsos sexuais em relação às crianças;

3) Obsessão brotada do medo de ter impulsos do tipo homossexual;

4) Obsessão do medo de ter impulsos sacrílegos ou de comportar-se com blasfêmias;

5) Obsessões de ter medos no que se refere a problemas morais e religiosos;

Obsessões de agressividade :

1) Obsessão de medo de fazer mal a alguém;

2) Obsessão de medo em fazer mal a si mesmo;

3) Obsessão de medo em dizer obscenidades ou de insultar alguém.

4) Obsessão de medo em ter causado alguma desgraça;

Estas são as obsessões mais comuns que encontramos junto às ações das pessoas que estão ao nosso redor.

As COMPULSÕES são comportamentos ou atos mentais que são repetidos muitas vezes, e em seguida, a pessoa percebe (racionalmente) aquilo que está fazendo; porém atribui a esses comportamentos um significado preciso, isto é uma justificação, e portando apresentando-os como sendo necessários para se atingir uma finalidade:

Temos como exemplos:

1) Esconjurar;

2) Mostrar ao público que está se fazendo o sinal da cruz antes de uma competição qualquer;

3) Rezar antes de uma tarefa qualquer, como antes de uma aula;

4) Tiques incômodos ( tal como esconder partes do corpo), etc.

Toda esta atividade emocional obsessiva representa o bloqueio visível entre a esfera racional e a parte mais antiga do nosso cérebro, que é a sede da origem dos nossos impulsos, emoções e intuições.

A parte interna do cérebro é a sede na qual as informações se transformam em conhecimento, passando, assim, a fazer parte das nossas tensões, necessidades, emoções, sentimento e intuição: AQUILO QUE OS ANTIGOS GREGOS CHAMAVAM NOUS !

Como são removidas as ideias obsessivas e compulsivas?

A psicologia as enfrenta diretamente.

Existe alguns modelos que são usados e que elenco a seguir, mas não me peçam para explicá-los:

1) Psicoterapia cognitiva-comportamental: treina ao reconhecimento do medo, entrando em contato com a obsessão;

2) Terapia psicoanalítica: para remontar à origem do medo. Recuperar a experiência.

A PSIQUIATRIA enfrenta a questão através de terapias farmacológicas:

Recordemos que :

- Cada vez que surge uma questão psíquica, há uma correspondência fisiológica; cada vez que há um acidente fisiológico, se manifesta uma correspondência psíquica ! -

Assinalando, podemos dizer que a psique do homem existe porque existe o corpo físico; e o corpo físico do homem é espelho da sua psique (por favor não vamos fazer confusão com as teorias moralistas-fisiológicas de Lombroso).

 

Como são superadas as obsessões?

Para nós não interessa as obsessões como patologia, mas nos interessa individuar a obsessão como bloqueio da capacidade do Ser Humano em ESCUTAR O MUNDO AO NOSSO REDOR, e como efeito da atividade coercitiva que o indivíduo sofreu e que lhe impede de manifestar as suas determinações no mundo.

A obsessão para continuar a desenvolver o seu papel, deve concentrar sobre ela mesma a atenção do indivíduo, que a alimenta de energia (e a renova) cada vez que a evoca.

A obsessão tende a desaparecer quando a atenção do sujeito (e a sua energia) é atraída por outros interesses: interesses que excitam as suas emoções.

Sejam as idéias obsessivas como a atividade compulsiva, constituem uma barreira entre o intuir subjetivo e os fenômenos que chegam do mundo.

As idéias obsessivas e as compulsões são objetos nos quais se exaure a energia do indivíduo subtraindo-a da sua atividade de Escutar o Mundo ao nosso redor. Esforçando-nos em colocarmos a atenção sobre o mundo e nas suas mensagens, nada mais fazemos senão em desviarmos uma parte da energia da ideia obsessiva e das compulsões à escuta do mundo. Do momento em que a excitação produzida pela descoberta do mundo como Ser Vivente, e gerador de fenômenos, as nossas emoções são ativadas, e acabamos por esvaziar a ideia obsessiva da energia que a alimenta, para concentrar essa energia na Escuta do mundo.

Quando o indivíduo trabalha para bloquear o diálogo interno, ele está tirando a atenção e a energia vital da obsessão que o diálogo interno alimenta. O mesmo para o Viver por Desafio. Quando o sujeito excita as suas emoções as ideias obsessivas tendem a desaparecer.

Porém, enquanto o diálogo interno é de qualquer forma útil à vida do indivíduo, e depois de tê-lo suspendido, o indivíduo o retoma; a obsessão diminui desviando uma parte da energia que a alimenta para o ESCUTAR O MUNDO AO NOSSO REDOR (os novos ou os renovados interesses do indivíduo), renovando ou liberando as ligações entre o córtex cerebral (controle, juízo) e a parte mais antiga do cérebro (cérebro antigo - cérebro interno), que é a sede da intuição, do sentir, da percepção não verbal e da emotividade.

Isto se chama: TOMAR NAS PRÓPRIAS MÃOS A RESPONSABILIDADE DA PRÓPRIA VIDA. Aquilo que foi bloqueado do externo (ou modelado pelo externo sócio-ambiental por meio do condicionamento educacional) é liberado ou modificado pelo interno através do uso da vontade do indivíduo.

Nós bloqueamos o diálogo interno, por isso estamos tentando bloquear também a projeção das nossas expectativas apriorísticas acerca do mundo. Quando pratico uma ação no mundo em que vivo com a finalidade de obter as respostas dele, organizo a minha ação partindo dos fenômenos que chegam do mundo. Os fenômenos podem ser usados para aquilo que sou, para aquilo que eu consigo compreender o que sou (uma parte ou um aspecto) ou para aquilo que eu quero que sejam. No primeiro caso, eu compreendo o fenômeno na sua realidade, no segundo caso eu compreendo algumas realidades do fenômeno, no terceiro caso eu substituo pela minha imaginação o fenômeno e a sua interpretação.

Penso que é supérfluo descrever como a nossa ação venha a ser diversa, segundo o modo como nós nos colocamos diante do fenômeno.

A separação das nossas expectativas, na interpretação de um fenômeno, leva a uma transformação contínua.

Um destaque que se constrói progressivamente através de um processo de transformação do indivíduo na sua atividade prática, quando experimenta as incongruências do seu parecer em relação ao fenômeno, quando este parecer não lhe consente de se organizar de modo útil.

O RACIOCÍNIO NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES DE MUDAR O NOSSO PARECER SOBRE UM FENÔMENO! Para se passar daquilo que se imagina de um fenômeno à leitura de alguns aspectos da realidade do fenômeno, é necessário que venha a ser excitada ou envolvida a nossa estrutura emocional. SOMENTE DEPOIS INTERVEM O RACIOCÍNIO LÓGICO E A RAZÃO, PARA REMODELAR A DESCRIÇÃO DO FENÔMENO.

A experimentação parte do Viver por Desafio do indivíduo, e está em condição de mudar o juízo sobre um fenômeno, com grande eficácia de acordo com a quantidade de envolvimento da estrutura emotiva. Quanto maior for o envolvimento, maior será a eficácia.

Quando um fenômeno nos chega, o inserimos na nossa estratégia, como estamos em condição de fazê-lo. Quando a nossa estratégia vem a falir, somos obrigados a suspender o respiro: bloqueamos as emoções. Diante daquele fenômeno nós nos retiramos (afirmamos a não existência dele ou a não validade) ou reconsideramos o fenômeno e a colocação dele dentro da nossa estratégia existencial.

Quando retomamos a respiração (transbordando as nossas emoções) a razão, através da sua lógica, recoloca o fenômeno de maneira diversa dentro da nossa descrição e, por consequência, na nossa estratégia existencial.

A razão recoloca o fenômeno com base na quantidade de intuição emocional, que nós somos capazes de fazer vazar nela. Os tempos através dos quais a razão recoloca a nova intuição no descrito dela, dependem da necessidade dela de se salvaguardar das incongruências no descrito por ela, e da urgência que ela tem em continuar a determinar a atividade do indivíduo.

Para algumas transformações profundas, são necessários anos, e as vezes, eventos dramáticos que envolvam, violentamente, a nossa vida: as nossas emoções são perturbadas de maneira violenta.

O efeito mais imediato da prática em ESCUTAR O MUNDO AO NOSSO REDOR, pertence ao que vem definido comumente como:

Saber escutar: do mundo social humano ao mundo do Ser Natureza

O primeiro setor em que se manifesta o Saber Escutar é o do Sistema Social no exato momento em que decidimos aprender a escutar o mundo ao nosso redor. Quando decidimos Escutar o Mundo que nos circunda, nos tornamos ATIVOS na escuta. Cessamos de sofrer os fenômenos e colocamos em ação uma VONTADE DE ESCUTAR que envolve a nossa ATENÇÃO na escuta.

Quando iniciamos a fazer isto, nos tornamos adultos: teremos vivido muitos anos (e os mais importantes na nossa formação emotiva), nos quais o condicionamento educacional nos ensinou o que sabemos; nós estamos de posse de todos os parâmetros e de todas as categorias de juízo (depois, talvez, se muda o ambiente e e percebemos de serem inadequados).

Nós devemos inverter esse caminho de aceitação passiva por aquilo que somos, para iniciarmos um caminho ativo, e nos tornarmos aquilo que não somos e intuímos de podermos ser. Em parte já o fizemos com os argumentos tratados nos debates precedentes.

Aprendermos a escutar o mundo ao nosso redor dentro do Sistema Social se deveria aprender na atividade normal escolástica desde os primeiríssimos anos. O problema é que os instrutores (e antes deles os pais) pensam que a capacidade para escutar o mundo circunstante seja uma qualidade dos rapazes (como lhes ensina o cristianismo) e não um ensinamento que eles deveriam conceder.

 

Como se pratica o Escutar o mundo do Sistema Social?

Se pratica bloqueando o diálogo interno e permitindo às palavras que chegam, para penetrarem em nós, e que estimulem as nossas emoções até uma situação de crise delas, onde o fenômeno, manifestado pelas palavras, incide sobre a estrutura emocional de quem escuta, transformando aquela comunicação verbal em comunicação emocional. O fenômeno é manifestado pelas palavras, não pela recitação do orador!

A habilidade de quem QUER fazer-se escutar, consiste em fazer vibrar as emoções dos que escutam, usando as palavras não para comunicar conceitos, mas para suscitarem emoções. Onde o ouvinte se apresentou à escuta com a sua própria estrutura emocional descoberta.

Aquele que pratica o Escutar o Mundo ao Redor de Nós, em relação ao Sistema Social, realiza:

1) O Viver por Desafio: o que ele escuta é inserido na sua estratégia de vida;

2) Enquanto há a escuta da comunicação verbal, a sua atenção é concentrada sobre ações, e sobre o conjunto no qual aquilo que vem comunicado verbalmente é inserido;

3) Escutar o mundo ao nosso redor leva a quem escuta a separar a aparência dissimulativa das palavras, do conceito transmitido;

4) O Ouvinte acaba compreendendo como o fenômeno manifestado pelas palavras vai incidir no conjunto, e teria conhecido o conjunto do qual aquele fenômeno veio a ser manifestado.

OUVIR O MUNDO AO NOSSO REDOR EM RELAÇÃO AO SISTEMA SOCIAL IMPLICA EM TUDO ISTO !

Recordo sempre que a utilidade daquilo que se escuta, é relativa às condições subjetivas no que tange á objetividade na qual o indivíduo está vivendo.

Um bom instrutor não chama à atenção dos ouvintes, mas fixa a atenção emotiva deles na expectativa em contemplar a informação: saber, por exemplo, como irá terminar a solução da equação matemática.

Os estudantes a nível universitário (na maior parte dos casos) que prendem a atenção emotiva na expectativa de contemplar uma informação, adquirem essa capacidade, mesmo se com frequência a tem confinada exclusivamente na especialização universitária. Com frequência, depois com o tempo, tendem a desistir com a cessação da aquisição de novos dados: se fossiliza.

Poder-se-ia dizer:

Escutar o que nos é comunicado (mesmo se for com palavras) envolvendo a estrutura emocional e bloqueando concomitantemente o diálogo interno.

AQUILO QUE É DITO é ouvir o mundo ao nosso redor no Sistema Social, um Sistema Social que através da linguagem constrói o engano exatamente com o uso de palavras e imagens, com o fim de ludibriar a estrutura emocional dos indivíduos: isto será objeto dos debates dentro do mundo Social (ceticismo; retirar-se do centro do mundo; juízo de necessidade; perguntar-se o por quê das coisas; e loucura Controlada).

O MUNDO, no qual se exercita o Escutar o mundo que está ao nosso redor, é relativo à nossa existência dentro do mundo do Ser Natureza, onde os fenômenos que nos chegam são enganadores SOMENTE se sobrepomos a eles as nossas ilusões.

 

No mundo do Ser Natureza

No mundo do Ser Natureza existe um modo de saber escutar que se chama SABER OBSERVAR.

Creio que no Ser Natureza, Lorenz deu uma grande lição à humanidade, derrubando muitos muros do egocentrismo humano.

Os Seres Baleias cantam; os Seres Elefantes se comunicam com sons em baixa frequência; Os Seres Abelhas se comunicam com uma linguagem figurada que ocupa 6 dimensões espaciais; os Seres Símios Bonobos e os Seres Gorilas aprendem a linguagem humana; assim, Seres Cães, Seres Gatos, etc.

O Ser Humano não está em condições nem ao menos de intuir a linguagem fisiológica dos Seres da Natureza. A sua capacidade de intuição (e de empatia) está na parte antiga do cérebro que: chamamos novamente para a atividade mediante as nossas emoções, quando diante dos Seres da Natureza que tornam a entrar na esfera dos nossos sentidos, bloqueamos o diálogo interno parando com a projeção do nosso juízo, educacionalmente construído, sobre fenômenos que nos são enviados.

O ato de parar com o diálogo interno diante do fenômeno proveniente de um sujeito da Natureza vem a significar: "Sou incapaz de responder ao que ele me comunica, mas estou consciente que está me comunicando qualquer coisa!" Este exercício abre o canal de comunicação dentro de nós: porque devemos antes, ou depois, entender o que nós é comunicado, e devemos agir no mérito.

O bloqueio do diálogo interno permite parar com as observações da razão (descrição daquilo que se observa) fazendo emergir o lado antigo do nosso cérebro, que é a sede do patrimônio de conhecimento da nossa espécie, que a razão chama comumente de instinto e que outra coisa não é senão um modo diverso de perceber o fenômeno, intuindo também o conjunto do qual os fenômenos se manifestam.

Usa-se o termo instinto devido à incapacidade para descrever o conjunto de onde surgem, e os mecanismos que lhe estão na base das decisões que incitam à ação. Existe uma riqueza intuitiva, também de experiências atávicas que a nossa espécie forjou, modificando-se geração após geração por centenas de milhões de anos no Ser Natureza, e à qual podemos ter acesso bloqueando o diálogo interno, em relação ao interlocutor do Ser Natureza que nos envia sinais.

Este esforço tem sucesso quando está dentro de uma concepção filosófica que obriga o indivíduo a se reconhecer "intelectualmente" parte integrante do Ser Natureza. Um indivíduo que vive e se desenvolve dentro dela e não se separa dela, independentemente dela, talvez pensando ter sido criado por obra de um deus louco, que especificamente, a ele concedeu a primazia de dominar o mundo. Disto já falamos quando falamos das determinações.

Um terceiro campo em que se exercita o Saber Escutar está DENTRO DE SI MESMO.

Disto já falamos durante o debate referente à Escuta das Correntes Vegetativas. Como no debate sobre a Contemplação já falamos do uso dos sentidos (olhos, ouvidos, etc.).

O quarto campo em que se exercita o SABER ESCUTAR está nos mundos da percepção ou nas realidades separadas, como no SONHO.

--Ter aprendido escutar no Sistema Social (ou sermos esforçados para fazê-lo da melhor maneira);

--Ter aprendido escutar no Ser Natureza (ou sermos esforçados para fazê-lo da melhor maneira);

--Ter aprendido escutar a nós mesmos (ou sermos esforçados para fazê-lo da melhor maneira).

Isto nos permite estar em condições de Escutar seja no Sonho como em cada mundo percebido (este mesmo mundo varia segundo a variação da nossa capacidade de ouvi-lo), ou em cada realidade separada da nossa quotidianidade. A atitude que se aprende na atividade quotidiana se pratica também no mundo do sonho e em paralelo com a intuição; a postura que se apreende no sonho ou na relação com a intuição se pratica também no quotidiano.

Se Escutar o Mundo ao nosso redor surge como uma técnica, na realidade a técnica serve apenas para nos predispormos à escuta. O que nos permite intuir e assimilar as mensagens que chegam a nós do mundo da Natureza ou das Realidades Separadas, ou no mundo do sonho, não é a técnica em si, MAS O PODER DE SER QUE NÓS MANIFESTAMOS NAQUELE MOMENTO.

O Poder de Ser é constituído pela soma dos nossos esforços, que empregamos, para sermos no Sistema Social, no Ser Natureza e dentro de nós: é o Poder de Ser que permite o emergir da intuição e da compreensão (alguns falam de iluminação). O mundo se desvenda e revela a sua linguagem.

Além disso, quando escutamos, na realidade, como ao sonharmos, ouvimos em realidades separadas, difundindo o nosso Poder de Ser, estamos favorecendo o nosso intuir (a facilidade no seu emergir superando a barreira da razão), e aguçamos a nossa Atenção. Isto aumenta a nossa capacidade de Escutar no Sistema Social, no Ser Natureza e dentro de nós. O Poder de Ser se forma em toda parte! Exercitem o Viver por Desafio, no quotidiano, e serão mais fortes nas realidades separadas dele; ajam nas realidades separadas e no sonhar e serão mais fortes no quotidiano!

Exercitando-nos na arte de escutar o mundo que nos circunda, obteremos como resultado, um contato com a parte "antiga" da nossa intuição em relação ao mundo circunstante.

Quando uma árvore, os animais, ou a Lua falam, não usam uma linguagem verbal, e ao mesmo tempo, convencem a razão de que existem comunicações diversas da lógica expressas pela linguagem e pela descrição racional, o que se transforma em um ato de desafio dentro de nós.

Bloqueando o diálogo interno na escuta, nos predispomos a perceber comunicações não verbais, e estamos obrigando os mecanismos intuitivos, dentro de nós, a se ativarem. A prática da escuta (como toda a prática constante e sistemática) constrói conexões apropriadas com as sinapses, seja na liberação de substâncias dentro do cérebro, seja na modificação da estrutura dos neurônios, com a finalidade de transformar a intuição em razão.

Para algumas pessoas, como verificamos neste ano, é fácil captar aspectos inusuais do mundo em que vivemos, enquanto para outras pessoas captar AQUELES MESMOS ASPECTOS, é mais difícil; usam um tempo maior e com frequência não os captam nunca, mas captam outros. Todavia, a transformação da adaptação subjetiva própria, através dos nossos atos de vontade em escutar o mundo, leva sempre a uma transformação da nossa estrutura psíquica, intuitiva e fisiológica. Depois sucede que vem a necessidade de transferir o que foi intuído pela razão, e a subjetividade se faz dona. Por subjetividade se entende seja o sujeito e as suas tenções, seja a especificidade do mundo em que vive, seja os seus específicos Intentos, o seu veio a ser seja sob forma de sensibilidade, seja sob forma de cultura e da autodisciplina, que o indivíduo se impôs ao atingir o seus intentos.

Há a possibilidade de transferir o fenômeno escutado diretamente para as ações que estão sendo executadas: a intuição referente ao Escutar o Mundo ao nosso redor se manifesta quando o indivíduo está sob estresse operativo em função do alcance do seu intento.

Com frequência sucede que a pessoa se exercite por meses para escutar conversações, ou o vento, ou rumores, ou sussurros de um bosque e não lhe sucede absolutamente nada. Ou melhor, ele acha que não lhe acontece nada. Nada que valha a pena ser contado. Depois, um dia, aquela pessoa é obrigada a se organizar para alcançar um objetivo que a envolve emotivamente com urgência e empenho. Resultará que as escolhas que fará serão funcionais a um melhor alcance dos seus objetivos, ou de qualquer modo, saberá enfrentar o problema que se lhe apresenta. As conversações que o indivíduo escutou; os sussurros do vento que ele escutou; as fontes, o rumor da água ou em direção a um animal que o indivíduo escutou; se abriram nele o canal do seu intuir.

Essa pessoa praticou o Escutar o Mundo ao seu redor, não está em condição de transferir o que intui para a descrição da razão (não está em condição de comunicá-lo aos outros), a sua prática de Escutar o Mundo ao seu redor lhe coloca em movimento os mecanismos para colher os sinais do mundo cada vez que é envolvida emotivamente a tal ponto de bloquear o diálogo interno, fazendo coincidir a intuição dos fenômenos com a sua necessidade de ação incitada pelo seu envolvimento emocional.

Esse mecanismo se manifesta no Sonhar e em percepção alterada e faz parte do conjunto do indivíduo que vem sob no nome de PODER DE SER! Este mecanismo se manifesta no Viver por Desafio do indivíduo cada vez que as suas emoções são envolvidas (ofensas, expectativas, excitações, alegria, tristeza, prazer, etc.). O único perigo é que sobre este mecanismo se enxerte uma síndrome de onipotência, a única forma psíquica capaz de bloquear no indivíduo a capacidade de escutar o mundo ao redor dele.

Neste ponto se verifica que nós sentimos o mundo circunstante que nos fala.

Aos poucos não dizemos mais: "Eu intuí que..." , mas nos descobrimos dizendo: "A árvore me disse que"; "A fonte me disse que..." .Depois se chega a compreender os conjuntos e, então, se diz: "A Ninfa me disse que...", "Os DEUSES me disseram que..." Mas o disseram a mim, a cada indivíduo em particular, fazendo-se compreender a intuição enquanto a razão estava com dificuldade para enfrentar o desafio, a contradição ou o problema que naquele momento se apresentava.

Através da autodisciplina separamos o que pertence à razão e o que pertence ao nosso íntimo.

Sucede também com os pacientes em psiquiatria, com uma grande diferença, eles estão sob a obsessão e são arrastados pelo que lhes chega do mundo; enquanto nós através da nossa autodisciplina continuamos a agir positivamente para construirmos a nossa vida.

De tudo o que falei até agora, podemos falar de MAGIA.

 

Algumas representações da Magia no escutar o mundo ao nosso redor

Falemos de Magia usando a pegada de Marcel Mauss na sua TEORIA GERAL DA MAGIA.

1) MAGIA POR CONTIGUIDADE

Revela Marcel Mauss: [em cada parte de um objeto está presente por inteira a essência do objeto];

---Cada fenômeno representa e resulta do conjunto que o manifestou. Para remontar ao conjunto, partindo do fenômeno, devo aprender a Escutar o Mundo alinhando o meu Escutar o Mundo com a espécie do conjunto (os mundos) do qual o fenômeno é expressão. Portanto, cada fenômeno individual é portador do complexo que o exprime. A luz do Sol é um fenômeno que pertence ao Ser Sol, é portadora daquilo que o Sol é. Se o Ser Sol não fosse o que é, eu não perceberia, dada a minha objetividade, o fenômeno luz. Portanto o fenômeno luz é portador do conjunto Sol do qual é expressão fenomenológica por mim percebida.

---A superstição constrói a imagem do objeto e queimando-se a imagem pensa-se que se destrói o objeto: isto se chama ato de fé! A superstição não fornece o necessário ao homem para agir, mas lhe impede a ação através da ilusão: ideias obsessivas e atos compulsivos!

2) MAGIA POR SIMILARIDADE

Revela Marcel Mauss: [o semelhante age sobre o semelhante (água chama água); o similar assume a vez ou restabelece o similar];

---A intuição e a percepção estão em condições para a transferência dos fenômenos percebidos e intuídos no que é descrito pela razão, somente se encontram as similaridades no que já é descrito pela razão.

Uma planta medicinal chamada pulmonária tem um desenho nas folhas que lembra o desenho dos alvéolos pulmonares. Esta similitude permitiu ao vidente transferir na razão os efeitos, neste caso medicamentosos, que a planta lhe sugeria.

---No que concerne ao similar que age sobre o similar, o discurso é diverso. "Provoco a chuva derramando água!" Na realidade, quando devo falar, evocar, invocar, adorar (que significa falar a) ao mundo circunstante, e aos DEUSES que ele contêm, para manifestar as necessidades, devo alinhar a minha ATENÇÃO e exprimir o meu INTENTO, com a ATENÇÃO e o INTENTO do que evoco e invoco. Não é o ato de derramar a água que chama a chuva, mas é a minha ATENÇÃO e o meu INTENTO que coloco no RITO para se alinharem necessidades e tenções subjetivas com necessidades e tenções do mundo em que vivo.

Somente quem sabe Escutar o Mundo ao Seu Redor pode falar, através da sua ATENÇÃO e através do seu INTENTO, com o mundo com a linguagem dos DEUSES no mundo,

Se depois chover ou não chover, isto é outro discurso. Os Seres Humanos se movem no mundo, não são donos do mesmo,

---A superstição transforma o indivíduo em dono do mundo, Chove porque ELE fez chover; chegam as doenças ou as curas porque ELE fez adoecer ou curar! Ou porque ele evocou o demônio que tem o poder de fazer aquilo: sempre como um dono das coisas que manipula!

3) MAGIA POR CONTRARIEDADE OU POR ANTIPATIA

Observa Marcel Mauss: [Especulação sobre contrários; sobre opostos: água-fogo, frio-quente, sorte-infortúnio, liberdade-submissão]

Toda a arte da Bruxaria constitui a capacidade do Ser Humano de mover-se entre o que lhe favorece e o que lhe causa danos, no desenvolvimento do seu intento próprio.

Quem sabe ouvir o mundo ao nosso redor, sabe mover-se da melhor forma possível; sabe o que fazer para evitar armadilhas; sabe como nutrir a sua própria energia, ou incitar alguém a fazer escolhas desastrosas.

Não se trata de especular sobre os contrários, mas de usar a nossa vontade escolhendo as melhores adaptações subjetivas entre as variáveis que o mundo nos apresenta.

4) MAGIA COMO OBJETOS E EMANAÇÕES

Mostra Marcel Mauss: [crença na existência de emanações que se liberam dos corpos, de imagens mágicas que viajam; varinhas que ligam o encantador com aquilo que ele faz]

A arte da Bruxaria é a arte de alterar a percepção para colher o aspecto das coisas que não pertencem à descrição do quotidiano da razão.

Quando um Bruxo age nos mundos do sonho (vale também nos estados de transe, nos déjà-vu, ou em percepção alterada no quotidiano) não age como se move no quotidiano da razão. O seu agir e o manifestar-se do seu agir, no quotidiano da razão, ocupa tempos e espaços diversos. Nos encontramos diante de uma situação na qual quem pratica Bruxaria (Stregoneria) "deseja que aconteça alguma coisa", em percepção alterada age afim de que aquela coisa aconteça, a coisa que deseja que aconteça e enquanto a vê acontecer, não tem memória do seu agir em percepção alterada, e portanto, não pode reproduzi-la mecanicamente. Sucede que também quem pratica Bruxaria deseja alcançar um intento e para alcançá-lo deseja que aconteça um certo evento. O evento não acontece, mas se manifestam situações nas quais ou alcança aquele intento ou varia o intento em si mesmo.

O tempo é medida da mutação, mas se nós não temos parâmetros de referência (o Sol que gira, ou a deterioração do nosso corpo, etc,) nós não podemos saber quando uma ação praticada ao se sonhar ou em percepção alterada, leva os seus efeitos no quotidiano da razão: "pelo menos disto eu não sei, por isso não posso afirmar que seja possível sabê-lo!"

Quando eu descrevo uma ação feita em percepção alterada, o faço com os elementos da descrição da razão que uso no quotidiano. Portanto, o que eu conto é feito através da imaginação, porém o mecanismo que agiu dentro da ação imaginada é aquele que tem efeitos sobre a realidade quotidiana. Com frequência não o descrevo nem mesmo porque não há elementos suficientes na minha descrição para definir o quanto e como sucedeu. Esqueço-o como se nunca tivesse acontecido. Em cada caso no mundo da razão tenho os elementos com os quais descrever o quanto sucede em percepção alterada. Elementos que dão uma ideia, mas não são exaustivos nem explicam os eventos: linhas que saem e que coligam cada existente, existências nelas mesmas, ações e objetos como campos de energia que se fundem ou se rejeitam; imagens que são transmitidas e recebidas; neblina, água, etc. Imagens do mundo da razão que transferidas em percepção alterada, ou no sonho produzem a ideia do mecanismo emotivo que se manifesta naquela situação.

Se compreendemos que a ação de magia acontece em um contexto diverso do mundo quotidiano, com transporte subjetivo e com aspectos diversos do mundo, que nada tem a ver com a descrição do mundo quotidiano, SENÃO PARA OS SUJEITOS QUE CONSTROEM AS RELAÇÕES (as nossas emoções são iguais em todos os mundos em que agimos) e que nos consentirá o desenvolvimento da nossa intuição e a manifestação das nossas tenções subjetivas, mas nunca nos dará a combinação de um jogo de loto nem a combinação da abertura de um cofre,então poderemos dizer que o que acontece em percepção alterada, é feito com imagens e mecanismos próprios do mundo da razão.

Saber disto nos coloca em proteção contra a ilusão da onipotência e contra a superstição!

O que é igual no quotidiano da razão e nos mundos da percepção alterada, ou do sonho?

NÓS MESMOS!

As nossas tenções, as nossas necessidades, as nossas predileções, as nossas emoções.

O que leva a unir aquilo que é feito em percepção alterada com a realidade quotidiana? Qual é o denominador comum entre duas situações que podemos considerar diversas?

As nossas tenções, as nossas necessidades, os nossos desejos e as nossas emoções que representam o CANAL sobre o qual ou pelo qual endereçamos a nossa intuição, a nossa vontade e a nossa energia.

Para fazer isto é necessário exercitarmo-nos para ESCUTARMOS O MUNDO AO NOSSO REDOR . Em caso contrário, há os insensatos! Cria-se a ilusão de ser dono do mundo ou delegados de um dono do mundo. Pensa-se que o mundo esteja à nossa disposição e quando o mundo não está à nossa disposição, está-se pronto para levantar muros com arame farpado ou se acumula lenha para se levantarem as fogueiras!

5) MAGIA COMO CONCEITO FILOSÓFICO (PENSAMENTO A PRIORI) DA AÇÃO MÁGICA

Destaca Marcel Mauss, colocando como fundamento de algumas especulações mágicas: ["Um é o todo, e graças a isto, o todo se formou. Um é o todo e se o todo não contivesse o todo, o todo não se formaria"].

Esta frase significa muito pouco. Nós não compreendemos que uma ínfima parte do universo é a que estamos imersos. Colocar isto como conceito (ou outros a priori) como sendo a base do próprio pensamento, significa NÃO ESCUTAR O MUNDO AO NOSSO REDOR!

O pensamento filosófico é manifestado pelo indivíduo na tentativa de objetivar e transmitir a outros a sua atividade de ESCUTAR O MUNDO À NOSSA VOLTA.

Elabora uma estrutura de pensamento para transmitir a outros o que descobre ou encontra. É verdade que podemos ter como suporte as experiências de outros, mas as experiências dos outros nos servem como ajuda, não como substituição da nossa própria atividade. Esse tipo de pensamento escolhido por Marcel Mauss pertence àquela categoria de conceitos que tendem a nos tornar estranhos ao mundo em que vivemos, para nos tornar dependentes das elucubrações com fins em si mesmas.

Para se poder operar no mundo é necessário escutar o mundo ao nosso redor, enquanto :

*NÓS SOMOS PARTE DO MUNDO!*

Esses cinco pontos representam a síntese daquilo que o antropólogo (Marcel Mauss) percebe da magia, e como quem a pratica os compreende.

O antropólogo se esqueceu da substancialização, a crença em milagres que convencem simplórios (o original em italiano usa o termo "miracolistica" derivado de "miracolo", que significa milagre, "miracolistico", em italiano significa "soluções milagrosas para encantar os crédulos - o termo não existe em português),ligada à formação da superstição através de uma concepção egocêntrica da vida.

O antropólogo não imagina que o mundo possa ser escutado e interpretado subjetivamente através da intuição das pessoas, e interpreta as ações do Bruxo (Stregone) dentro da sua própria bagagem cultural supersticiosa. O que o antropólogo nunca imaginou é que a sua atividade e as suas escolhas podem modificar a rede das sinapses, e consequentemente, a sua capacidade para descrever e compreender o mundo.

A prática de ESCUTAR O MUNDO EM TORNO A NÓS nos coloca em relação com o universo inteiro.

Praticar O ESCUTAR O MUNDO EM TORNO A NÓS nos coloca em contato com o inteiro universo.

Para um monoteísta o universo é mudo e surdo!

Para quem pratica a Bruxaria, o Universo é um complexo de fenômenos, vozes e sons nos quais nos faz penetrar. Um Universo a ser explorado e ouvido fora de nós, assim como existe um universo para ser escutado dentro de nós que nos acompanha com os seus sons, as suas vozes e os seus cantos.

*NÃO EXISTE NENHUM CAMINHO PARA A BRUXARIA (STREGONERIA) SEM QUE SE PRATIQUE O ESCUTAR O MUNDO AO NOSSO REDOR*

-transcrito em 09.01.2004 em Marghera.-

Mantido o texto do ciclo precedente.

 

 

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Cod. ISBN 9788891170897

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

da Federação Pagã

Piaz.le Parmesan, 8

30175 - Marghera - Veneza

Tel. 3277862784

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e-mail: claudiosimeoni@libero.it

 

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